Petrobras quer que ex-diretores devolvam dinheiro

Petrobras quer que ex-diretores devolvam dinheiro

Estatal anunciou que poderá ir à Justiça para a cobrança

AE

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A Petrobras anunciou nesta segunda-feira estar disposta a ir à Justiça cobrar de funcionários e ex-diretores envolvidos em irregularidades o ressarcimento dos prejuízos causados por superfaturamentos em obras da estatal. A decisão foi tomada na semana passada, após o Conselho de Administração reconhecer a responsabilidade do ex-presidente José Sérgio Gabrielli e dos ex-diretores Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa nas perdas após a compra da refinaria de Pasadena, cujos prejuízos são da ordem de US$ 792 milhões, segundo o Tribunal de Contas
da União. Ao tempo, a atual direção da estatal anunciou que estuda criar um setor anticorrupção, para prevenir crises como a atual.

No primeiro posicionamento público sobre o escândalo de corrupção na estatal, a presidente Graça Foster admitiu a ocorrência de desvios e disse ter sido surpreendida com a prisão dos ex-diretores pela Operação Lava Jato. A executiva classificou a situação enfrentada pela Petrobras como "difícil e dolorosa" e pediu a investidores que mais uma vez acreditem na empresa. Graça também afirmou que pretende criar uma diretoria de governança corporativa para melhorar os procedimentos internos da estatal. "Não quero ser surpreendida outras vezes", disse.

Na sexta-feira, durante a reunião do conselho de administração, a proposta de criação da diretoria foi discutida entre os integrantes, no pacote de medidas em resposta às denúncias de corrupção. No encontro, ficou definido que a Petrobras buscará judicialmente o ressarcimento dos prejuízos causados pelas irregularidades praticadas por seus ex-funcionários e diretores. A auditoria interna realizada durante oito meses identificou 15 responsáveis por irregularidades em Pasadena, nos EUA. Entre eles estão dois executivos da empresa Astra Oil, que vendeu 50% da refinaria para a Petrobras, em 2006 por um US$ 360 milhões.

O resultado da auditoria será encaminhado ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal para que os acusados sejam responsabilizados na área cível. No caso de funcionários que ainda trabalham na estatal, serão abertos processos administrativos que podem levar a exonerações. Cerveró, por meio do seu advogado, Edson Ribeiro, disse desconhecer as acusações levantadas na reunião do conselho. Gabrielli afirmou que aguarda a comunicação formal para se posicionar.

O advogado de Cerveró criticou a estatal por responsabilizar a diretoria pela compra de Pasadena. "Estão rasgando o estatuto da Petrobras, que responsabiliza o conselho por decisões de aquisições." As investigações internas também apontaram o envolvimento de gerentes e executivos de empresas subsidiárias da Petrobras em irregularidades nas obras da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e no Complexo Petroquímico do Rio (Comperj).

Ao menos oito funcionários que ainda trabalham na estatal foram relacionados como alvo de processos administrativos. Além das auditorias internas, a companhia contratou dois escritórios de advocacia especializados
em investigações de corrupção. Por orientação dos escritórios, a estatal pediu aos funcionários, em comunicado encaminhado na última semana, que não destruam documentos.

Após quatro meses evitando discursos e entrevistas, Graça Foster foi à público nesta segunda-feira em meio à especulações sobre mudanças na diretoria da estatal, em função da reforma ministerial. Ela negou que haja qualquer informação sobre demissões no comando da estatal. "Sou integrante da diretoria colegiada e não há nenhuma informação sobre mudanças na diretoria", disse a executiva.

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