PF envia equipe à Suíça para saber real valor de joias dadas a Bolsonaro

PF envia equipe à Suíça para saber real valor de joias dadas a Bolsonaro

Itens de luxo, da marca suíça Chopard, foram estimados em R$ 16,5 milhões

R7

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O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, disse, em entrevista exclusiva ao JR Entrevista, que a corporação enviou investigadores à Suíça para atestar o real valor das joias presenteadas pelo governo da Arábia Saudita ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e que foram apreendidas pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos. Os itens de luxo, da marca suíça Chopard, foram estimados em R$ 16,5 milhões.

“A nossa investigação está na fase de perícias. Nossa equipe está na Suíça para fazer contato com a origem das joias, para que a gente tenha um laudo técnico atestando que são aquelas pedras e a valoração delas, e com isso permitir a conclusão do inquérito policial a partir dos depoimentos que vamos colher”, afirmou Rodrigues nesta sexta-feira (5).

As pedrarias foram dadas pelo governo saudita em 2021. O ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque as recebeu durante viagem oficial ao país do Oriente Médio, para a qual Bolsonaro foi convidado, mas enviou o ex-ministro no lugar dele. No retorno ao Brasil, as joias foram identificadas dentro da bagagem de um assessor de Albuquerque.

Entre os itens de luxo, estão escultura de um cavalo de aproximadamente 30 centímetros, colar, anel, relógio e um par de brincos de diamante. À época da apreensão das joias, Albuquerque chegou a dizer aos servidores da Receita que seriam um presente para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. O conjunto era composto por um colar, um anel, um relógio e um par de brincos de diamantes.

Outros kits

Após a divulgação do caso, também foi revelado que o ex-presidente ficou com um outro kit de joias dadas pela Arábia Saudita. Avaliado em cerca de R$ 500 mil, o kit, composto de relógio, caneta, anel, abotoaduras e masbaha (um tipo de rosário), foi oferecido a Bolsonaro em 2021. A defesa de Bolsonaro entregou os objetos, em março, à Caixa Econômica Federal.

O valor estimado do relógio Rolex é de R$ 364 mil. O ex-presidente voltou com o conjunto de joias para o Brasil e deu ordens para que os itens fossem levados a seu acervo privado. Um formulário de encaminhamento de presentes para o presidente foi preenchido, com a especificação de cada item do conjunto de joias.

A guarda dessas joias permaneceria no acervo privado de Bolsonaro por mais de um ano e meio, até que, já no ano passado, o então presidente daria novas ordens, em 6 de junho de 2022, para ficar com as joias. Dois dias depois, conforme os registros oficiais, as joias já se encontravam "sob a guarda do presidente da República".

Fraudes em cartão de vacina

Ao JR Entrevista, o diretor-geral da PF disse, ainda, que suspeita que Bolsonaro tinha conhecimento da atuação de um grupo que teria fraudado informações de certificados de vacinação contra a Covid-19.

Nesta semana, o ex-presidente foi alvo de um mandado de busca e apreensão e teve o celular recolhido após a Polícia Federal identificar que o cartão de vacina dele foi adulterado para constar o registro de imunização contra a doença. Bolsonaro garante que não cometeu irregularidades e que nunca se vacinou contra a Covid-19.

Quem teria inserido a informação no documento de vacinação do ex-presidente foi o tenente-coronel Mauro Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens dele.

“O papel dele [Mauro Cid] era o de ajudar o seu chefe, prover seu chefe das necessidades que tinha na sua rotina. Nesse caso, temos um histórico da relação entre o subordinado e o chefe, o que aponta que não é crível que a autoridade superior não tenha conhecimento da atuação dele”, destacou Rodrigues.

“Houve fraude do cartão de vacina não só do ex-presidente, mas da filha dele também. Portanto, não é razoável supor que o dado não era de conhecimento do ex-presidente”, completou o diretor-geral da PF.


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