PF vai ouvir ex-militar que disse a ajudante de Bolsonaro saber quem mandou matar Marielle

PF vai ouvir ex-militar que disse a ajudante de Bolsonaro saber quem mandou matar Marielle

Conversa foi interceptada pela PF em investigação sobre fraude em dados de vacinação do ex-presidente; assassinato foi em 2018

R7

Ex-major do Exército Ailton Barros ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro

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O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou em entrevista exclusiva ao JR Entrevista nesta sexta-feira (5) que a corporação deve coletar o depoimento do ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros na investigação sobre a morte da vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018.

Na quarta-feira (3), Barros foi preso durante uma operação da PF contra um grupo que teria fraudado certificados de vacinação contra a Covid-19. Ao longo da investigação, a corporação obteve conversas entre ele e o tenente-coronel do Exército Mauro Barbosa Cid em aplicativos de mensagem, e em uma delas Barros afirmou saber quem mandou matar Marielle.

"Eu sei dessa história da Marielle toda, irmão. Sei quem mandou. Sei a p... toda. Entendeu?", diz a mensagem de áudio de Ailton transcrita no relatório da Polícia Federal. No diálogo, no entanto, ele não revela o nome do suposto mandante do crime.

De acordo com Rodrigues, essa informação pode facilitar a investigação em curso sobre o assassinato de Marielle e a tendência é de que Barros seja ouvido pela PF.

“Nós estamos revisitando informações, e todo dado novo facilita e acrescenta à investigação em curso. Agora, a etapa é de identificação, de ouvir essa pessoa, de analisar o documento apreendido, celular e mídias, para poder pedir o compartilhamento de provas e instruir o nosso inquérito em relação ao assassinato”, disse o diretor-geral da corporação.

Segundo Rodrigues, a Polícia Federal tem “uma equipe dedicada” a buscar uma solução para o caso Marielle. “O ministro Flávio Dino já tinha determinado à Polícia Federal a abertura de uma investigação para apurar as circunstâncias do crime, especialmente quem são os mandantes.”

O assassinato de Marielle

Marielle Franco foi executada com quatro tiros ao sair de um evento na Casa das Pretas, localizada na Lapa, região central do Rio, no dia 14 de março de 2018. O motorista dela, Anderson Gomes, também foi morto.

Imagens de câmeras de segurança registraram o início da perseguição de um veículo prata ao carro com Marielle e Anderson. No entanto, os disparos foram feitos em uma rua onde não havia sistema de monitoramento.

No carro também estava uma assessora de Marielle, que saiu ilesa, sem ser ferida por nenhum disparo. A vereadora foi atingida por quatro tiros na cabeça e o motorista, por três. A arma usada no crime foi uma submetralhadora HK MP5 de fabricação alemã.

Há dois acusados de cometer o crime: Ronnie Lessa e Élcio Vieira de Queiroz. Eles estão presos de forma preventiva e serão julgados pelo Tribunal do Júri, conforme já confirmou o Supremo Tribunal Federal (STF).


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