Planalto abandona Cunha às vésperas da votação de cassação
Sessão nesta segunda-feira decidirá futuro político do ex-presidente da Câmara
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A cassação do ex-presidente da Câmara, por outro lado, seria a demonstração de que a gestão de Temer não tem compromisso com o colega de partido e antigo aliado, a quem o PT tenta atribuir a responsabilidade pelo impeachment de Dilma Rousseff em parceria com o próprio presidente. Segundo um interlocutor de Temer, a pressão das ruas contra Cunha cresceu muito nos últimos dias, como se fosse uma "força de fora para dentro" e não há como se contrapor a isso. Ainda de acordo com esse assessor, Cunha está em uma situação muito delicada e sabe que não poderá ter o apoio de antigos aliados.
Por isso, na reta final do processo de cassação do deputado afastado, Temer optou por ficar distante das articulações para tentar salvá-lo e vai assumir os riscos que a perda do mandato do peemedebista podem significar para o governo - há expectativa de que Cunha, se cassado e sem direitos políticos, possa tentar uma delação premiada na Operação Lava Jato, comprometendo correligionários e integrantes do Executivo. Na avaliação de interlocutores do presidente, o cenário neste momento é francamente desfavorável ao deputado fluminense. Um desses auxiliares do Planalto lembra que "a onda" é pela cassação, diante da pressão da opinião pública. O Placar do Estado mostra que já há número de votos suficiente para que ele perca o mandato.
Setores do governo, porém, estariam sensíveis a um acordo em torno do abrandamento da pena do peemedebista. Na quinta-feira, a defesa de Cunha e um deputado aliado entraram no Supremo Tribunal Federal com um mandado de segurança para que o plenário da Câmara vote, em vez do parecer pela cassação de Cunha, um projeto de resolução. A peça permite emendas e, consequentemente, a proposição de uma pena mais branda, como uma suspensão temporária.