Planalto dá aval e Meirelles acelera pré-campanha
Ex-ministro deve ser anunciado pré-candidato em evento na próxima terça-feira
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O primeiro passo dessa articulação ocorrerá na terça-feira, quando o partido lançará um documento batizado de "Encontro com o Futuro", versão preliminar do programa de governo. Impopular, Temer deve anunciar ali, publicamente, a desistência do projeto de reeleição, ungindo Meirelles. A candidatura, porém, ainda terá de passar pelo crivo da convenção do MDB, em julho.
O Estado de São Paulo apurou que o lançamento da cartilha foi antecipado justamente para tirar esse plano do papel. Nas últimas pesquisas de intenção de voto, o ex-ministro aparece com menos de 1% das intenções de voto. "O presidente Temer deve oficializar o mais rápido possível a sua não-candidatura, sob pena de inviabilizar a candidatura do partido", disse a líder da bancada do MDB no Senado, Simone Tebet (MS). "Estamos preocupados em manter o tamanho das bancadas na Câmara e no Senado", completou.
A convite de Tebet, Meirelles se reuniu com senadores do MDB na última quarta-feira. Mostrou dados de pesquisas indicando que tem chances de empinar sua campanha em um cenário no qual o centro está dividido e apresentando nomes com baixos índices de aprovação. Além disso, afiou o discurso contra seus possíveis adversários, como Jair Bolsonaro (PSL), Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede). "Ninguém quer retrocesso e há ceticismo em relação a mudanças radicais", disse Meirelles.
Dificuldades
O movimento do Planalto e do MDB ocorre no momento em que Temer e o ex-governador Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB, começam a se estranhar. O presidente ficou irritado com rumores de que estaria aflito, atrás do apoio dos tucanos. "Eles é que me procuraram", reagiu.
Preocupada com o baixo desempenho de Alckmin nas pesquisas uma ala do PSDB decidiu articular um manifesto suprapartidário no qual conclama a união das candidaturas de centro. O documento, redigido pelo secretário-geral do PSDB, Marcos Pestana, e pelo senador Cristovam Buarque (PPS-DF), defenderá a união desse bloco político para evitar o avanço do "radicalismo" na campanha. "Somos o bloco dos desextremados", brincou Cristovam.
Temer, por sua vez, pediu para o senador João Henrique Souza (MDB-PI) ciceronear Meirelles nas conversas com os correligionários e procurar conter divergências. O ex-ministro irá neste fim de semana a Campo Grande; na segunda-feira, a Belo Horizonte e nos próximos dias visita Salvador. "Há uma simpatia pelo que ele representa, pelo bom trabalho que prestou no governo", afirmou o senador. No dia 29, Meirelles fará uma reunião com a bancada do MDB na Câmara.
Pelo menos nove diretórios do MDB, no entanto, preferem que a sigla não apresente chapa própria e libere suas seções para acordos nos Estados. Nessa lista estão Alagoas e Ceará. "Há grande divisão sobre com qual candidato deve se aliar o MDB e há muitas conversas nos bastidores, fora do radar do governo", comentou o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que quer subir no palanque do PT em Alagoas. "Ir com Meirelles seria suicídio político."
Na prática, a decisão de transformar o ex-ministro em candidato tem objetivos bem pragmáticos. Meirelles diz ter condições de financiar a própria campanha, discurso que agrada às bancadas por liberar recursos do fundo partidário. Além disso, o MDB precisa de um nome para chamar de seu em uma quadra na qual disputa com o DEM e o PSDB o apoio de aliados.
"Chama o Meirelles"
Animado, Meirelles contratou o marqueteiro Chico Mendez para fazer a pré-campanha e investir nas redes sociais. Foi criado o bordão "Chama o Meirelles", para mostrar que só ele seria capaz de "apagar incêndios" do País.