Plenário da Câmara aprova em 1º turno PEC que prorroga DRU até 2023

Plenário da Câmara aprova em 1º turno PEC que prorroga DRU até 2023

Proposta foi aprovada pela maioria da base aliada ao governo Michel Temer

AE

Proposta foi aprovada pela maioria da base aliada ao governo Michel Temer

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O plenário da Câmara dos Deputados aprovou na madrugada desta quinta-feira, em primeiro turno, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prorroga a Desvinculação de Receitas da União (DRU) até 2023. Em uma demonstração da força da base aliada de Michel Temer no Congresso Nacional, a matéria foi aprovada por 334 votos a 90, mais do que os 308 votos mínimos necessários para aprovar uma PEC na Casa. Houve ainda duas abstenções.

A maioria dos votos contrários foi de partidos da oposição, como PT, PDT, PCdoB, Rede e PSOL. Houve também oito votos contrários de deputados de siglas da base aliada e que possuem cargos no governo Temer: Solidariedade (1), PTB (1), PSB (1), PV (1), PSD (1), PSDB (1) e PP (2). No PSDB, por exemplo, o voto contra foi o do deputado Max Filho (ES). Já no PP, os votos contrários foram de Luis Carlos Heinze (RS) e Mário Negromonte Jr. (BA).

A DRU é um mecanismo que dá mais liberdade ao governo no uso das receitas obtidas por meio de tributos federais vinculados por lei a fundos ou despesas. Na prática, permite à União aplicar os recursos destinados por lei a áreas como educação, saúde e previdência social em qualquer despesa considerada prioritária e na formação de superávit primário, desde que respeitando os gastos mínimos constitucionais exigidos para cada área.

A PEC tinha sido aprovada na comissão especial da Câmara que analisava o mérito da matéria na manhã desta quarta-feira. O governo só conseguiu levar a proposta ao plenário da Casa horas depois, após aprovar, em votação simbólica, requerimento de quebra de interstício, para não precisar esperar o prazo regimental de duas sessões plenárias exigido entre a aprovação na comissão e a votação em plenário.

Prazo e alíquota

A proposta aprovada prorrogou a DRU até 31 de dezembro de 2023, estabelecendo que a autorização para remanejar o Orçamento da União será retroativa a 1º de janeiro deste ano. A retroatividade foi alvo de questionamentos de parlamentares, que a consideraram inconstitucional. Eles tentaram tirar a possibilidade de a desvinculação retroagir, mas não conseguiram aprovar emenda nesse sentido. A última autorização para a DRU venceu em 31 de dezembro de 2015.

Até pouco antes do início da votação do parecer na comissão especial, o prazo de prorrogação previsto no parecer era 31 de dezembro de 2019. Em uma complementação de voto, porém, o relator, deputado Laudívio Carvalho (SD-MG), anunciou a ampliação do prazo para 2023, atendendo a pedido do Ministério da Fazenda. O novo prazo já constava na PEC de prorrogação da DRU enviada pelo governo da presidente afastada Dilma Rousseff.

O texto da PEC aprovado na Câmara também prevê que a alíquota do Orçamento da União que o Executivo poderá remanejar seja elevada de 20%, como estava até o ano passado, para 30%. Além disso, prevê a criação de uma espécie de DRU para Estados e municípios - chamadas de DRE e DRM, respectivamente - nos mesmos termos da DRU, mas prevendo explicitamente que o remanejamento não pode afetar recursos destinados à Saúde e à Educação.

Por se tratar de uma Proposta de Emenda à Constituição, a matéria ainda precisa ser aprovada em segundo turno na Câmara dos Deputados antes de ser enviada ao Senado Federal. A segunda votação está prevista para ocorrer na próxima semana. Na casa legislativa vizinha, a proposta poderá seguir direto para o plenário, sem passar pelas comissões técnicas. Lá, a PEC também precisará ser aprovada em dois turnos por 60% dos membros da Casa, ou seja, por pelo menos 49 senadores da República.

Críticas


Deputados contrários à aprovação da PEC criticaram principalmente a possibilidade de desvinculação das receitas de seguridade social. Único do PTB a votar contra a matéria, o deputado Arnaldo Faria de Sá (SP) afirmou que a proposta poderá acabar sendo usada pelo governo como justificativa para a reforma da Previdência Social. "Na hora que você diminui o orçamento da seguridade, acaba tendo um chamado déficit que justificará a proposta de alteração da Previdência", disse.

O deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) também criticou. "É preciso esclarecer que a DRU é necessária, mas não na Seguridade Social. Ao tirar 30% da saúde, da Previdência Social, da Seguridade Social, é claro que vai faltar dinheiro para o aposentado e para a saúde", afirmou. Apesar de considerar a PEC necessária, o PT fez uma oposição política, sob o argumento de que não reconhece o governo interino de Temer.

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