PMDB tenta conter debandada de aliados

PMDB tenta conter debandada de aliados

A menos de um ano da eleição, dirigentes do partido se articulam para evitar concorrência no mesmo campo político

Flavia Bemfica

PMDB trabalha para manter aliados na base de Sartori

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Dirigentes do PMDB gaúcho e integrantes do núcleo do governo do Estado já estudam formas de tentar conter a debandada de aliados que se tornou uma perspectiva concreta após o novo presidente estadual do PSDB, o ex-prefeito de Pelotas, Eduardo Leite, informar que reunirá o diretório nas próximas semanas para tratar da possibilidade de os tucanos deixarem o governo de José Ivo Sartori.

Na sexta-feira, véspera da convenção partidária que confirmou seu nome no comando da sigla no RS, Leite ressalvou que respeita o governador, e que as duas siglas integram o mesmo campo político, mas além de anunciar a reunião, listou problemas da atual administração e falou que é preciso romper com a atual “fórmula do fracasso”.

O presidente do PMDB no RS, deputado federal Alceu Moreira, pretende fazer uma visita a Leite na próxima segunda-feira e disse que o partido vê os movimentos com “serenidade”, mas aponta vários cenários possíveis. O PMDB gaúcho ainda não descartou, por exemplo, a possibilidade de que o partido, nacionalmente, apoie um candidato tucano à presidência da República e, em troca, exija a cabeça de chapa em determinados palanques regionais. Este tipo de acordo, se vier a incluir o RS, inviabilizaria a candidatura de Leite ao Piratini. “Vão haver as candidaturas à presidência da República, um palanque definido aqui e ali. Hoje todas as possibilidades existem”, desconversou Moreira.

O PMDB também vem tentando convencer aliados de que a administração Sartori vai mostrar outro perfil em 2018, mesmo que, para isso, esteja contando com a concretização de ações polêmicas e alvos de questionamentos dentro do mesmo campo político, como a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, a manutenção do aumento da alíquota de ICMS e a venda de ações do Banrisul. Vai, ainda, apostar no discurso da necessidade de manutenção da união entre os atuais aliados para evitar a derrota de um projeto político comum nas urnas.

“Tem muita água para passar debaixo desta ponte e não vamos hostilizar os companheiros que nos ajudaram a chegar até aqui. Se amanhã ou depois a decisão deles for por candidatura própria, faremos a disputa política civilizada”, projetou Moreira.

Em relação ao PSDB, o PMDB também jogará com seu tamanho e estrutura. Publicamente, já trabalha para minimizar o potencial da novidade tucana. “Não temos a pretensão de convencer uma pessoa a desistir do seu projeto. Como a eleição é em dois turnos, de repente a pessoa quer participar disso. O que vamos dizer é o seguinte: temos um projeto político no Estado, que é de centro. Então, não vamos nos fracionar de tal maneira que permita que outro projeto volte ao poder”, adiantou Moreira.

Decisões do PP também alertam governo


Além do insucesso nas articulações com o PSDB, que tem quatro deputados na Assembleia Legislativa, preocupa o PMDB o rumo do hoje principal aliado, o PP. Os progressistas, que ocupam sete cadeiras no Parlamento gaúcho, anunciaram a pré-candidatura do deputado federal Luis Carlos Heinze após pesquisa interna realizada junto às bases o colocarem como o mais votado, com 18,73% das preferências. Os mesmos questionários indicaram que 92,6% dos progressistas querem ter candidatura própria ao Piratini em 2018 e que somente 18,63% consideram o governo Sartori bom. Outros 53,66% o apontam como regular e 27,71% como ruim.

“Faremos uma reunião do diretório até o final do ano para tratar desta questão da permanência no governo, porque é evidente que, se tivermos candidatura própria, vamos sair. Mas, por enquanto, não há posição tomada. Provavelmente faremos uma pré-convenção em março para definir mesmo”, disse o presidente estadual da legenda, Celso Bernardi.

Entre aliados, o fato de o PP ter apresentado um pré-candidato é visto, por enquanto, como uma estratégia para potencializar seu desempenho nas negociações. O PSDB considera o PP sua maior possibilidade de aliança na disputa ao governo. Os articuladores do PMDB, por sua vez, projetam que uma união dos dois principais aliados sem sua participação prejudica em muito uma provável tentativa de reeleição de Sartori ou mesmo uma outra candidatura peemedebista. Por isso, uma série de opções é cogitada. Entre elas, a de garantir ao PP e ao PSDB espaços maiores e mais importantes em uma eventual futura administração peemedebista.

No curto prazo, as possibilidades incluem oferecer a indicação do vice. O presidente estadual do PMDB, Alceu Moreira, admite que o espaço a ser concedido aos aliados é determinante. “É claro que precisamos conversar sobre as outras vagas porque a discussão deste ponto pode compensar ou não o fechamento do acordo para os partidos”, analisou.

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