Políticas foram ameaçadas de 'estupro corretivo' em mês da visibilidade
Daiana Santos, Bela Gonçalves e Mônica Benício receberam mensagens com o teor criminoso em função da sua orientação sexual
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Parlamentares lésbicas de diferentes estados foram ameaçadas de "estupro corretivo". A deputada federal gaúcha Daiana Santos (PCdoB); a deputada estadual de Minas Gerais, Bela Gonçalves (PSol), e a vereadora do Rio de Janeiro, Mônica Benício (PSol), receberam mensagens com o teor criminoso em função da sua orientação sexual.
No texto enviado para Daiana o autor fala que pode ir até a casa de deputada para realizar a “terapia”. Em outro trecho, ele pontua que o estupro corretivo é uma “terapia” que “cura o homossexualismo feminino” porque “ser sapatão é uma aberreção”.
A deputada registrou um boletim de ocorrência na Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Descriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou Com Deficiência (Decrin), em Brasília.
"É uma tentativa nítida de intimidação e de fazer nós, mulheres lésbicas legitimamente eleitas, recuarmos na nossa luta por direitos. Essa ação criminosa só mostra a importância da nossa atuação e da necessidade e comprometimento do Estado brasileiro com a garantia da proteção da vida da população LGBTI+", afirmou a deputada.
Segundo a vereadora carioca Mônica, ex-esposa da vereadora Marielle Franco, autor da mensagem enviada a ela se identificou. Na queixa-crime, a vereadora explica não saber se essa é uma identidade real. Há, entretanto, uma conta vinculada a ao nome citado na rede social X (antigo Twitter), com publicações homofóbicas. “O e-mail descrevia, inclusive, como seria o crime, algo muito violento não só para uma mulher lésbica, mas para as mulheres como um todo”, informou Monica.
Mês da visibilidade lésbica
“Não é um acaso que violência como essa seja cometida no mês de agosto, que é o mês da visibilidade lésbica. Meu mandato vem fazendo uma série de ações para visibilizar a luta e a existência das mulheres lésbicas, e a gente vai seguir nessa luta porque não tem intimidação possível que faça a gente retroceder da luta pelos nossos direitos”, complementou.
Nesta semana, o Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para reconhecer que ofensas homofóbicas podem ser enquadradas como racismo ou injúria racial. A pena para conduta varia entre 2 e 5 anos de prisão.