PT diz não temer delação premiada de Paulo Vieira
Bancada federal afirma que comportamento do ex-diretor da ANA é o mesmo do condenado Marcos Valério
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O ex-diretor da ANA trocou de advogado esta semana e espera ainda obter do Ministério Público Federal e da Justiça um tratamento menos severo com as declarações ao mesmo tempo em que empurra para outros a posição de comando do grupo. Até o momento, as ameaças não surtiram efeito judicial.
Nesta sexta, Paulo Vieira foi denunciado pelo MP pelos crimes de corrupção ativa, falsidade ideológica, falsificação de documento, tráfico de influência e formação de quadrilha. O nome do ex-diretor da ANA consta como filiado ao PT desde setembro de 2003 na lista divulgada pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo.
"Quem tiver qualquer coisa para dizer, a bem do Estado, que diga", afirmou o deputado federal André Vargas (PT-PR), que também é secretário de Comunicação do partido. "Não temos nenhum temor (sobre as revelações). Não há dúvida de que esse tipo de ameaça começa a lançar dúvida sobre todo mundo", criticou Vargas. "Virou moda falar isto: buscar a delação como forma de perdão para os seus pecados", ironizou o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP).
O líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), classificou como "estranho" esse tipo de atitude de Paulo Vieira. Para o petista, se o ex-diretor da ANA tem algo de "comprometedor" a dizer, "nessa altura do campeonato", que procure a Polícia Federal e o Ministério Público. Walter Pinheiro disse que Vieira deveria, ao menos, esclarecer o que fez na sua passagem pelo cargo. Ele lembrou que o comportamento do ex-diretor da ANA é semelhante ao do empresário Marcos Valério, o operador do mensalão, que também já ameaçou contar o que sabe em vários momentos desde a crise de 2005.
O senador Humberto Costa (PT-PE), ex-líder da bancada na Casa, destacou que as acusações da Operação Porto Seguro não envolvem diretamente nenhuma liderança do partido. Humberto Costa acrescentou que a investigação já está em fase adiantada na Polícia Federal, o que não impede, na opinião dele, de qualquer pessoa trazer fatos novos para a apuração.
O deputado Paulo Teixeira acredita que as ameaças do ex-diretor da ANA são uma estratégia dele para diminuir os problemas que já enfrenta com a Justiça. "É algo que não temos que ter preocupação. Se for fazer, que faça, não tem o que preocupar. Quem tem que se preocupar é ele, pelo que fez", disse.