PT promete diversidade, mas homens brancos dominam indicações já feitas para o governo

PT promete diversidade, mas homens brancos dominam indicações já feitas para o governo

Dos seis ministros já anunciados, há uma mulher negra e um pardo; na PF, só duas mulheres foram anunciadas

R7

publicidade

Ao longo da campanha, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), explorou a pauta da diversidade para atrair votos, afirmando que montaria um governo com amplo espaço para mulheres, negros e minorias. Desde o início do governo de transição, entretanto, o discurso não tem correspondido à prática. Faltando menos de duas semanas para o início do novo governo, os nomes já anunciados de primeiro e de segundo escalão são majoritariamente de homens brancos.

Até agora, foram anunciados seis ministros, dos quais apenas uma mulher, a cantora Margareth Menezes. O senador eleito pelo Ceará, Camilo Santana, escolhido como ministro da Educação, se sobressaiu sobre Izolda Cela, atual governadora do estado, que estava entre os nomes mais cotados para o cargo, inclusive sendo defendida por especialistas que atuam na área. 

Nos bastidores, aliados dizem que Lula sofre pressão política para evitar mulheres indicadas para cargos de comando e para a chefia de ministérios, mesmo que tenham competência técnica para ocupar as funções. De acordo com fontes ligadas ao governo eleito, ele tem cedido aos pedidos. A ausência de diversidade também atinge a comunidade negra.

O governo que começa em janeiro terá, além de Margareth Menezes, Fernando Haddad  na Fazenda, Flávio Dino na Justiça, Mauro Vieira nas Relações Exteriores, Rui Costa na Casa Civil e José Múcio na Defesa. Margareth Menezes é negra, e Flávio Dino se declara pardo, de acordo com informações protocoladas na Justiça Eleitoral. Para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o escolhido foi Aloizio Mercadante, outro homem branco.

A senadora Simone Tebet, que apoiou Lula no segundo turno das eleições, já foi apontada como eventual ministra da Educação, mas encontra dificuldades em integrar a equipe ministerial. O nome dela é cotado para o Ministério do Desenvolvimento Social, mas Lula enfrenta pressões internas para nomear um petista para o cargo.

Baixa diversidade na Transição e na PF

Apesar de Lula ter abordado com frequência a pauta da inclusão feminina durante a campanha presidencial, a falta de representatividade das mulheres chama atenção. Entre a extensa equipe de transição do novo governo, com mais de 900 integrantes — a maioria tendo atuado de maneira voluntária —, a taxa de coordenadoras dos grupos de trabalho foi de apenas 31%: 132 mulheres de um total de 424 coordenadores.

O futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, indicou nesta terça-feira (20) nomes para compor a Polícia Federal. Entre os profissionais anunciados para comandar diretorias e setores estratégicos desses órgãos, a ausência de mulheres entre os indicados se repetiu, assim como nas demais alas do governo.

Apenas duas mulheres estão em cargos de direção, entre um grupo com 15 nomes na PF: Helena de Rezende vai atuar na Corregedoria-Geral e Luciana do Amaral Alonso Martins na Diretoria de Ensino.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895