PT sobe o tom contra Lira e diz que deputado “compromete liturgia do cargo” ao atacar Padilha

PT sobe o tom contra Lira e diz que deputado “compromete liturgia do cargo” ao atacar Padilha

Em nota, partido defendeu que o País precisa de "relações republicanas saudáveis"

Estadão Conteúdo

Diretório nacional do PT defendeu competência e capacidade de Padilha

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O Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores saiu em defesa do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, nesta sexta-feira, 12, e subiu o tom contra o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). A legenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em nota, que o deputado "compromete a liturgia do cargo" e " ofende a harmonia entre os Poderes da República" ao atacar o articulador político do governo.

"É inegável a competência e a capacidade do ministro Alexandre Padilha, tanto no atual governo quanto nas inúmeras oportunidades em que serviu aos interesses do povo brasileiro", disse o PT, ao manifestar "irrestrita solidariedade" a Padilha. Nesta quinta-feira, 11, Lira chamou o ministro de "incompetente" e "desafeto pessoal".

Na nota divulgada nesta sexta, a sigla de Lula defendeu que o País precisa de "relações republicanas saudáveis", afirmou repudiar ataques que "agridem a democracia" e pediu que as lideranças coloquem os interesses do Brasil em primeiro lugar.

"Ao atacar o ministro Alexandre Padilha, o deputado Arthur Lira compromete a liturgia do cargo de presidente da Câmara Federal e ofende a harmonia entre os Poderes da República", criticou o PT. A presidente do partido, Gleisi Hoffmann, também elogiou Padilha. "Pela competência e capacidade o ministro @padilhando já serviu ao Brasil em inúmeras oportunidades, sempre dedicado à missão confiada. Solidariedade companheiro. Estamos juntos!", escreveu, na rede social X (antigo Twitter).

Aliados do governo ouvidos pelo Broadcast Político (sistema de notícia em tempo real do Grupo Estado) avaliam que as críticas de Lira a Padilha foram motivadas pelo enfraquecimento da candidatura do líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), à sucessão na Casa, após o plenário manter Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) preso.

A avaliação de aliados de Lira é de que Padilha rompeu uma regra de independência entre os Poderes e interferiu em assuntos internos do Parlamento ao ligar para parlamentares com o objetivo de convencê-los a votar para manter a prisão do deputado. Brazão é apontado como um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, em 2018. O presidente da Câmara acusou o ministro de plantar informações na imprensa de que ele teria se enfraquecido com a manutenção da prisão do deputado nesta quarta-feira, 10.

Votação sobre Brazão no plenário

O placar foi de 277 votos a 129, apenas 20 a mais que o necessário para aprovar o parecer do relator, Darci de Matos (PSD-SC), que havia recomendado a manutenção da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, os aliados dizem que Lira garantiu que os partidos do Centrão liberaram suas bancadas na hora votação e negam que o presidente da Câmara tenha atuado para soltar Brazão.

Destacam, ainda, que a discussão no plenário foi rápida porque Lira estava preocupado com a imagem da Casa se houvesse bate-boca. A própria bancada do PP votou dividida. A ideia de Lira, ressaltam, era garantir que cada parlamentar votasse de acordo com sua opinião. Por isso, descartam que ele tenha saído derrotado do episódio. A avaliação é de que o presidente da Câmara não saiu a campo a favor de nenhum resultado específico na análise da prisão de Brazão. Além disso, dizem que a votação apertada reflete uma insatisfação da Casa com o STF.

Governistas, por outro lado, avaliam que o enfraquecimento de Elmar irritou Lira. A estratégia do Centrão, segundo a base aliada do Planalto, era soltar Brazão como um recado ao Supremo, o que também mostraria fragilidade do governo. Depois, a ideia seria cassar o mandato do deputado no Conselho de Ética e, com isso, agradar à opinião pública.

O líder do União Brasil verbalizou em público que votaria pela soltura de Brazão e, com isso, avaliam governistas, pretendia fazer um aceno aos bolsonaristas para garantir o apoio da oposição a sua candidatura à Presidência da Câmara. Como o deputado foi mantido preso, afirmam aliados do governo, Elmar perdeu força e quem ganhou impulso na disputa pela sucessão de Lira foi o líder do PSD, Antonio Brito (BA), que já era o favorito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o posto.

Difícil composição

A percepção é de que a chance de o Planalto compor com Elmar agora é "zero", após ele atuar pela liberação de Brazão, já que o caso Marielle é simbólico para a esquerda e a irmã da vereadora, Anielle Franco, é ministra da Igualdade Racial de Lula. Governistas dizem que, caso Elmar se mantivesse forte na disputa, Lira poderia usar a candidatura dele para barganhar um acordo com o Executivo para garantir seu futuro político depois de sair do comando da Câmara.

Com o líder do União Brasil enfraquecido, afirmam, o poder de negociação de Lira na própria sucessão fica reduzido. Lira rompeu relações com Padilha no início do ano após discordar de critérios para o repasse de emendas parlamentares do Ministério da Saúde, cuja titular, Nísia Trindade, é apadrinhada pelo ministro das Relações Institucionais. Desde então, o principal interlocutor do presidente da Câmara no Palácio do Planalto tem sido o ministro da Casa Civil, Rui Costa, apesar de Padilha ser o responsável pela articulação política do governo com o Congresso.

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