"Quase uma bandidagem", diz Lula sobre processo de venda da Eletrobras

"Quase uma bandidagem", diz Lula sobre processo de venda da Eletrobras

Presidente afirmou que governo vai entrar na Justiça para rever contrato e que compra de ações de volta não é a prioridade

R7

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta terça-feira a privatização da Eletrobras, concluída em junho do ano passado. Lula chamou o processo que envolveu a maior companhia de energia elétrica da América Latina de "bandidagem" e "irresponsabilidade".

"Os diretores aumentaram os salários [após a privatização] para R$ 300 mil. Um conselheiro na Eletrobras chega a ganhar R$ 200 mil para ir em uma reunião no mês. Privatizar para quê? Aqui no Brasil estamos vendendo empresas públicas para empresas públicas de outros países, como Espanha e China. Total irresponsabilidade", declarou o presidente.

As declarações foram feitas durante um café da manhã com veículos de mídia alternativa, no Palácio do Planalto. Lula afirmou que pretende revisar os termos de privatização da Eletrobras, por meio da Advocacia-Geral da União.

Participação da União

Lula se queixou também da atual participação da União na empresa. "Na Eletrobras, o governo tem 40% das ações e só participa das negociações como se tivesse 10%. As ações para o governo valem três vezes mais do que o valor normal para outro candidato. Foi feita quase uma bandidagem para que o governo não volte a adquirir maioria", afirmou.

Após a privatização, a União passou a deter 40,3% das ações da Eletrobras, taxa que era de 68,6%. Apesar de deter boa parte das ações, o governo só tem direito a 10% dos votos na assembleia geral, de acordo com as novas regras da empresa.

Os termos de privatização da Eletrobras determinaram também uma barreira para a reestatização da empresa. Caso um acionista atinja 50% do capital, há a obrigação de fazer uma oferta pelo restante das ações. Essa oferta, contudo, deve ser o triplo da maior cotação dos últimos dois anos.

Questionado sobre a reestatização da Eletrobras, Lula afirmou que o processo não é prioridade para o governo. "Não é um processo que vai fazer parte da minha pauta, não é prioridade neste momento", afirmou. "Se conseguirmos fazer a economia crescer e as coisas forem bem e pudermos comprar mais ações, vamos comprar. O governo tem de ter maioria na direção da empresa. Foi uma privatização lesa pátria", completou o presidente.


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