Rafael Correa pede que países mais ricos compensem os mais pobres por dívida ambiental

Rafael Correa pede que países mais ricos compensem os mais pobres por dívida ambiental

Presidente do Equador discursou hoje na Rio+20

Agência Brasil

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O presidente do Equador, Rafael Correa, sugeriu na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentáveis (Rio+20) nesta quinta-feira que os países mais ricos compensem as nações mais pobres pela dívida ecológica que têm com o planeta. Em sua apresentação, ele mostrou que os 20% mais ricos geram 60% das emissões de gases de efeito estufa do planeta e os 20% mais pobres emitem pouco mais de 1%.

“São os países mais pobres os maiores produtores de bens ambientais e os países ricos estão consumindo bens que sequer produzem. Essa é uma das maiores injustiças planetárias”, disse Correa, que comentou que os que mais sofrem com o aquecimento global causado, sobretudo, pelas nações mais ricas são as populações mais pobres.

Correa falou por mais de 20 minutos, embora o limite da plenária seja de apenas cinco, e sugeriu novas regras e incentivos para compensar os países que preservam seus recursos naturais e não apenas os que recuperam o que foi destruído. Ele comentou o fato de o Equador ter uma enorme quantidade de petróleo dentro de uma região de floresta rica em biodiversidade e com povos indígenas vivendo na região e ter decidido não explorá-lo.

“Não se trata de caridade, mas de corresponsabilidades diferenciadas que temos para evitar o aquecimento global e a emissão de gás carbônico. Ao deixar esse petróleo debaixo da terra (a maior reserva do Equador tem 846 milhões de barril de petróleo), evitamos a emissão de aproximadamente 407 milhões de toneladas de dióxido de carbono no mundo”, contou.

Ele criticou os presidentes dos países mais ricos que não vieram à conferência: “Ontem a jovem neozelandesa pediu que (chefes das nações) não viessem para cá para manter as aparências, mas para salvar o planeta. Mas alguns em sua prepotência, arrogância, seguros de seu poder, sequer vieram para manter as aparências. Para eles, talvez essa cúpula não seja importantes e continuará sendo assim enquanto não mudarmos essas relações de poder”. Correa lembrou a crise econômica mundial, quando bancos falidos receberam milhões de dólares de ajuda de governos nacionais e defendeu que o problema ambiental não é técnico, mas político.

“A esperança é que os próprios cidadãos do Norte, que também são vítimas do sistema, do grande capital, se rebelem e mudem essa relação de poder. São indignados do mundo, sobretudo do primeiro mundo, que nos dão a esperança de uma lógica de justiça não apenas mercantilista. E assim deixar aos nossos filhos e filhos de nossos filhos um planeta tão belo como o que recebemos”, completou.

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