Rafael Correa pede que países mais ricos compensem os mais pobres por dívida ambiental
Presidente do Equador discursou hoje na Rio+20
publicidade
“São os países mais pobres os maiores produtores de bens ambientais e os países ricos estão consumindo bens que sequer produzem. Essa é uma das maiores injustiças planetárias”, disse Correa, que comentou que os que mais sofrem com o aquecimento global causado, sobretudo, pelas nações mais ricas são as populações mais pobres.
Correa falou por mais de 20 minutos, embora o limite da plenária seja de apenas cinco, e sugeriu novas regras e incentivos para compensar os países que preservam seus recursos naturais e não apenas os que recuperam o que foi destruído. Ele comentou o fato de o Equador ter uma enorme quantidade de petróleo dentro de uma região de floresta rica em biodiversidade e com povos indígenas vivendo na região e ter decidido não explorá-lo.
“Não se trata de caridade, mas de corresponsabilidades diferenciadas que temos para evitar o aquecimento global e a emissão de gás carbônico. Ao deixar esse petróleo debaixo da terra (a maior reserva do Equador tem 846 milhões de barril de petróleo), evitamos a emissão de aproximadamente 407 milhões de toneladas de dióxido de carbono no mundo”, contou.
Ele criticou os presidentes dos países mais ricos que não vieram à conferência: “Ontem a jovem neozelandesa pediu que (chefes das nações) não viessem para cá para manter as aparências, mas para salvar o planeta. Mas alguns em sua prepotência, arrogância, seguros de seu poder, sequer vieram para manter as aparências. Para eles, talvez essa cúpula não seja importantes e continuará sendo assim enquanto não mudarmos essas relações de poder”. Correa lembrou a crise econômica mundial, quando bancos falidos receberam milhões de dólares de ajuda de governos nacionais e defendeu que o problema ambiental não é técnico, mas político.
“A esperança é que os próprios cidadãos do Norte, que também são vítimas do sistema, do grande capital, se rebelem e mudem essa relação de poder. São indignados do mundo, sobretudo do primeiro mundo, que nos dão a esperança de uma lógica de justiça não apenas mercantilista. E assim deixar aos nossos filhos e filhos de nossos filhos um planeta tão belo como o que recebemos”, completou.