Relatório final da CPI do Cachoeira é rejeitado

Relatório final da CPI do Cachoeira é rejeitado

Deputados e senadores definiram que todas as informações apuradas serão enviadas para o MP de Goiás e para a PGR

AE

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Os parlamentares da CPI do Cachoeira rejeitaram nesta terça-feira o relatório final do deputado Odair Cunha (PT-MG) sobre os trabalhos da comissão a respeito das relações do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com agentes públicos. Existem cinco votos em separado, ou seja, alternativos aos do relator, que serão avaliados ainda na sessão de hoje. Se não houver acordo entre nenhum dos textos apresentados, a Comissão Mista de Inquérito Parlamentar pode ficar sem texto final.

Deputados e senadores já aprovaram por unanimidade hoje que todas as informações apuradas na Comissão sejam enviadas para o Ministério Público de Goiás e para a Procuradoria Geral da República. Deste modo, segundo o deputado Odair Cunha (PT-MG), autor do pedido, "vamos garantir que, independentemente de nossas conclusões, os órgãos de investigação agora poderão fazer suas próprias análises, assim eles terão acesso às informações sigilosas de pessoas com foro privilegiado".

A votação que derrubou o relatório final das investigações da CPI do Cachoeira foi apertada, com diferença de dois votos. Com o apoio de parlamentares da base aliada e até a mobilização de suplentes da CPI, o placar da votação do texto terminou em 18 votos contrários e 16 favoráveis. Os parlamentares, agora, discutem se vão votar o relatório do deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF), que não sugere o indiciamento de nenhum dos investigados.

O texto de Cunha propunha ao Ministério Público o indiciamento de 29 pessoas e a responsabilização de outras 12 por participar ou se envolver criminosamente com a quadrilha comandada pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Na lista de indiciados, estão o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB); o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT); o deputado federal Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) e o senador cassado Demóstenes Torres (sem partido-GO).

O relator propôs algumas alterações finais, com a exclusão do indiciamento do vereador do PSOL Elias Vaz. O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) foi um dos que surpreenderam e acabou apoiando o texto de Odair Cunha. Randolfe justificou-se dizendo que o relatório era o possível. Ele chegou a parafrasear o ex-presidente da Câmara Ulysses Guimarães, na época da Assembleia Constituinte. "Não é a Constituição perfeita, mas será luz de lamparina na terra de desgraçados. Pode não ser o relatório perfeito (o do relator), mas vai ser luz de lamparina na terra da impunidade."

Contrário ao texto, o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), disse que não há como registrar a frustração ao término desta CPI. "Vamos votar contra este relatório não só pelo que dele consta, mas, sobretudo, pelo que não consta dele. O que está ausente é mais expressivo, mais significativo, do que dele consta." O tucano disse que se está, com o relatório de Cunha, "chovendo no molhado", uma vez que as providências de investigação já foram adotadas.

Alvaro Dias criticou o que chamou de "dois pesos e duas medidas" do relator da CPI, que na última hora excluiu do texto o vereador do PSOL. O deputado Silvio Costa (PTB-PE), outro contrário ao relatório, classificou o parecer de "o mais mercurial que já viu neste parlamento". "Eu nunca vi tantas idas e vindas neste relatório", completou.

O líder do PPS da Câmara, Rubens Bueno (PR), que chegou a apresentar um relatório em separado, também surpreendeu e disse que é, no mínimo, uma "desconsideração" não aprovar o trabalho de Odair Cunha no período. "Esse documento não exclui nada, o conluio da madrugada e da noite", destacou.


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