Saída da deputada Miriam Marroni perturba base aliada

Saída da deputada Miriam Marroni perturba base aliada

Silêncio do Piratini cria disputa por liderança do governo na Assembleia

Flavia Bemfica / Correio do Povo

Pont afirma que Tarso não iniciou nenhuma tratativa com a bancada

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A duas semanas da data prevista para a posse da deputada Miriam Marroni (PT) como a próxima titular da Secretaria-Geral de Governo, e a poucos dias do início do ano Legislativo, o Executivo ainda não bateu o martelo sobre quem será o novo líder do governo na Assembleia. E não encaminhou também as tratativas necessárias dentro do PT ou com os aliados para solucionar o problema. Com a ida de Miriam para a secretaria de governo, o acordo interno firmado inicialmente, de que ela desempenhasse as funções de líder do governo por dois anos, foi alterado.

"Não teve nenhuma discussão sobre isso porque o governador, até o momento, não comunicou oficialmente à bancada sobre a questão da Miriam", alfineta o deputado e presidente estadual do PT, Raul Pont. "Nem a bancada, nem o partido e nem o governo fizeram essa discussão. A coisa vai andando nos bastidores", ressalva o deputado Edegar Pretto (PT). Segundo Pont, os 14 deputados estaduais petistas vão tratar do assunto na próxima semana. No Executivo, o tema também será discutido pelo governador Tarso Genro e o chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, na semana que vem.

Enquanto isso, não há certeza nem sobre a data da posse de Miriam. Após as disputas internas entre a corrente da deputada, a Socialismo XXI, e o PT Amplo (à qual pertencia o ex-titular e atual conselheiro do TCE Estilac Xavier) pelo comando da Pasta, e de o governador ter confirmado o nome de Miriam, a própria parlamentar informou que a posse seria no final de janeiro. Agora, o Piratini trabalha com a data de 2 de fevereiro. Mas, como o dia 2 é feriado, a posse pode ser antecipada. Ou adiada, se houver dificuldades na decisão sobre o novo líder.

Oliveira e Santini podem ocupar cargo

Dois nomes despontam como prediletos para ocupar a liderança do governo na Assembleia. O PT dá como certo que a função caberá ao deputado Valdeci Oliveira, por vários motivos. Ele pertence à mesma corrente (Unidade e Luta Democrática) do atual presidente do Legislativo e seu colega de bancada, Adão Villaverde, a quem estava reservada a liderança em 2012, caso não se tornasse pré-candidato à Prefeitura de Porto Alegre.

"Pela composição política interna, se a liderança ficar com o PT, deve ser o Valdeci. Minha corrente, a Democracia Socialista, tem a liderança da bancada. A Articulação de Esquerda, a liderança partidária. E a Socialismo XXI, que estava na liderança do governo, ganhou a secretaria", lista o líder da bancada do PT, Daniel Bordignon.

Partidos da base aliada, contudo, não desistiram de emplacar um líder de fora do PT. A escolha recairia sobre o PTB, que chegou a reivindicar o posto internamente. "Seria um gesto de grandeza da parte do PT. E aí o nome seria o Santini (líder petebista, Ronaldo Santini) que tem, digamos, mais facilidade", disse o líder da bancada do PSB, Heitor Schuch. A fortalecer Santini está ainda sua vinculação com o ex-senador Sérgio Zambiasi, um grande interlocutor de Tarso no PTB. "A liderança poderia ficar com a base em 2012 e 2013 e aí, em 2014, voltar para o PT", sonha o vice-líder da bancada pedetista, Gilmar Sossella.

Mobilização é grande nos bastidores

O deputado Ronaldo Santini (PTB) diz que, oficialmente, não recebeu qualquer convite para ocupar a liderança do governo, mas também fala em reconhecimento aos partidos da base. E admite: "Não estamos brigando por isso, mas seria uma honra. Se no entendimento do governador formos a melhor opção, vamos abraçar. Só que é uma decisão que exige cautela, para não causar melindres." O deputado Valdeci Oliveira (PT) também nega uma sondagem oficial. "O que tem é só bastidor, alguns deputados me ligando. Mas, sim, é claro que se o governador me convidar, aceito."

O PT não pretende passar a liderança adiante. "Pelo tamanho das bancadas, não se justifica que fique com outro partido. A segunda maior bancada aliada é a metade da nossa", resume o deputado Raul Pont, presidente estadual do PT. A base aliada, entretanto, ainda não desistiu. "Sabemos que é mais fácil fazer a negociação com o Palácio do que com a bancada petista, mas, se tivermos oportunidade, vamos colocar nossas considerações", diz Heitor Schuch (PSB).

O que todos os parlamentares concordam é que o novo líder do governo já começará na função com muito trabalho. O Executivo planeja enviar à Casa em fevereiro projetos polêmicos como o da nova reforma da Previdência, a inspeção veicular e a criação do 13 salário dos secretários, além daqueles que envolvem as negociações salariais com o magistério. "O que não pode é acontecer o que aconteceu em 2011, quando a relação com a bancada era muito truncada e, a todo momento, sabíamos das coisas pelos jornais ou depois que aconteciam", dispara Pont, em uma evidente demonstração de que a atuação de Miriam Marroni e sua indicação para a secretaria seguem gerando dissabores no PT.

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