Sartori critica a estrutura política, analisa o cenário pós-eleições e faz balanço do governo

Sartori critica a estrutura política, analisa o cenário pós-eleições e faz balanço do governo

Governador do Estado concedeu entrevista ao programa Esfera Pública

Correio do Povo

Sartori ressaltou que é essencial e urgente a reforma política-eleitoral

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Com informações da repórter Jessica Hübler

O governador José Ivo Sartori se despede do Palácio Piratini no próximo dia 31 de dezembro. Nesta sexta-feira, em entrevista ao programa Esfera Pública, da Rádio Guaíba, Sartori realizou breve análise da conjuntura política pós-eleições 2018 em âmbito nacional e estadual, criticou a atual estrutura dos partidos e fez um balanço dos seus quatro anos no comando do Estado do Rio Grande do Sul. O governador ainda adiantou que, a pedido de Eduardo Leite, não irá exonerar os cargos de confiança no seu último dia de governo. "Foi um pedido dele e irei atender, embora pessoalmente eu tenha outro entendimento a respeito."

Nacionalmente, o chefe do Executivo gaúcho ressaltou que é essencial e urgente a reforma política-eleitoral. Para ele, hoje existe uma homogeneização dos partidos, um descrédito com os políticos. "Os partidos precisam se reinventar" afirmou. Sartori frisou que o Partido dos Trabalhadores (PT) exerceu um monopólio do poder e acabou praticamente extinguindo com o campo da esquerda no país. Segundo o governador, tais fatos ocasionaram a ascensão de outras forças, como o presidente eleito Jair Bolsonaro.

Questionado se ele se identifica com Bolsonaro - na campanha de reeleição no segundo turno adotou o termo Sartonaro -, Sartori negou. "Não me identifico ideologicamente com Bolsonaro. Eu disse na ocasião que o partido (MDB) tinha que tomar uma decisão rápida sobre apoiar ou não e o meu papel seria o de acatar o quer que fosse e não tive ingerência sobre a ideia da campanha, foi algo que surgiu espontaneamente".

Já sobre o processo eleitoral no Estado e a derrota para Eduardo Leite, Sartori declarou que a força de dois partidos (PP e PT) foram determinantes para que ele não fosse eleito. Ele discordou quando apontado que os dois projetos são semelhantes. "As propostas eram diferentes. Eu não prometi nada na campanha, absolutamente. Eu continuei defendendo aquilo que tinha defendido desde o começo do governo, como a renegociação da dívida e o regime de recuperação fiscal", afirmou. Independentemente da opção que os outros fizeram, reiterou Sartori, o MDB foi muito além do que se esperava.

A respeito dos quatro anos no governo, o emedebista destacou a redução do déficit do Estado, a recuperação de estradas, a renegociação da dívida do Estado com a União e a sede da Ospa como marcas positivas da sua gestão. A respeito do déficit era projetado em R$ 25,5 bilhões e chegou a menos de R$ 8 bilhões, segundo ele. "Significa que dois terços, ou mais, do déficit, foi superado", enfatizou.

"Aquilo que pôde ser feito, foi feito. E a frustração é não ter feito mais", resumiu. Com relação ao atraso no pagamento do salário dos servidores, Sartori ressaltou que isto sempre o incomodou. "Procuramos fazer o possível para justamente manter os salários minimamente em dia, depois de um bom tempo vencendo questões judiciais, nós pelo menos conseguimos escalonar os salários, que é pagar quem ganhava menos", reiterou. Segundo Sartori, o melhor era que o Estado tivesse, todos os meses, R$ 1,2 bilhão em caixa para pagar todos os salários de todos os servidores.

"No sentido de que passamos muitas dificuldades, mas a Segurança se transformou em uma prioridade nossa e ela avançou. Estamos terminando e ainda teremos novidades antes do dia 1º de janeiro. Acho que teremos coisas novas ainda. No âmbito da recuperação de estradas, Sartori ressaltou os trabalhos na RS 118. "Tinha muito retardamento deste processo e nós conseguimos avançar. Foram em torno de seis viadutos e mais um que está sendo construído e ligará a 118 à RS 040", lembrou.

MDB no governo Leite


Sartori disse que o convite do governador eleito para que o MDB faça parte da base aliada do governo nada mais é do que um reconhecimento as boas práticas e ações adotadas em prol do Estado. "Temos que desejar ao novo governo que tenha sorte, que ele continue fazendo as mudanças que fizemos até aqui - muitas vezes dolorosas, amargas -, mas nós assumimos a nossa posição com postura, olhando para a frente, percebendo o horizonte e sabemos a caminhada que tínhamos que fazer. Fizemos reformas que foram necessárias e outras não puderam ser feitas porque não tivemos apoio para isto", assinalou. Perguntado sobre se concordava com a posição do deputado Gabriel Souza, líder do governo na Assembleia e que apoiou o ingresso, Sartori voltou a frisar que o partido tem autonomia para decidir o que entende ser melhor.



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