"Sem reforma, adeus Fies", condiciona PMDB sobre Previdência

"Sem reforma, adeus Fies", condiciona PMDB sobre Previdência

Campanha agressiva também argumenta que Bolsa Família ficaria em risco sem aprovação

AE

Campanha foi produzido pela agência de Lula Guimarães, responsável pela campanha de João Dória

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O PMDB lançou, nesta sexta-feira nas redes sociais, uma agressiva campanha em defesa da reforma da Previdência na qual relaciona um eventual fracasso da iniciativa ao fim de programas sociais federais. "Se a reforma da Previdência não sair, tchau Bolsa Família, adeus Fies, sem novas estradas, acabam programas sociais", diz um post divulgado na rede do partido.

O material foi produzido pela agência Benjamim Digital, do marqueteiro Lula Guimarães. Depois de comandar a comunicação da campanha vitoriosa do tucano João Doria em São Paulo no ano passado, ele foi contratado pelo PMDB. A iniciativa foi tomada após o Palácio do Planalto detectar forte resistência à reforma no Congresso Nacional. Estudos de inteligência de rede e monitoramento de internet feitos pela legenda detectaram um predomínio da narrativa da oposição no debate virtual.

O pedido do PMDB aos especialistas foi adotar um tom "mais pesado" para colocar o outro lado da moeda "em evidência". Procurado pela reportagem, o líder do PMDB na Câmara, deputado Baleia Rossi (PMDB-SP), disse que não tinha conhecimento da campanha, mas apoiou a iniciativa. "Precisamos garantir a perpetuidade do sistema da Previdência. O nosso déficit é de R$ 150 bilhões e só aumenta. O compromisso do PMDB é sempre ajudar o governo a acabar com a crise e promover a retomada dos postos de trabalho. Não tive conhecimento dessa postagem mas essa é nossa posição frente as reformas', disse.

Terrorismo

O PT reagiu à estratégia divulgando o material e acusando os adversários de desespero. "É uma campanha terrorista. Eles aprovaram aquela PEC 55 (do Teto) e agora estão desesperados porque precisam aprovar a reforma da Previdência, que é um verdadeiro atentado contra os mais pobres", diz Carlos Zarattini (SP), líder do PT na Câmara. "Com isso, querem fazer os pobres optarem entre aposentadoria ou programas sociais."

A ofensiva do PMDB se choca com as reiteradas promessas de Michel Temer, de que na gestão dele os programas sociais não serão extintos. Em 2016, o presidente enviou uma carta ao Congresso Nacional na qual disse que os programas sociais são "prioridade" do governo. "O governo continua atuando ativamente para fortalecer os programas sociais. Estamos honrando os compromissos que não foram cumpridos no governo anterior e liberando a segunda parcela do que deveria ter sido pago em 2015", disse a mensagem presidencial.

O presidente disse, ainda, que o Poder Executivo trabalha "incessantemente" para que as famílias tenham melhora na renda. O discurso oficial é que em nenhuma hipótese programas como o Bolsa Família, Pronatec e Minha Casa Minha Vida serão extintos.

A reforma da Previdência também será um dos temas centrais da propaganda partidária do partido na TV, que será exibido no dia 30 de março. O presidente Michel Temer será o protagonista. Será o primeiro programa do PMDB exibido em sua gestão. A ideia é aproveitar o espaço para vender a imagem de "reformista", mas também exaltar uma "agenda positiva".

A peça de resistência será o saque das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), vista como a medida mais popular da sua administração até agora. A propaganda partidária peemedebista será exibida 20 dias depois da liberação do primeiro lote do FGTS. Segundo a Caixa Econômica Federal, há 18,6 milhões de contas inativas, num total de R$ 41 bilhões. Como muitos cotistas têm mais de uma conta, o governo estima que 10 milhões de pessoas serão beneficiadas.

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