Servidores estaduais protestam em Porto Alegre contra mudanças no IPE

Servidores estaduais protestam em Porto Alegre contra mudanças no IPE

Categoria se manifestou contra projeto que propõe divisão de autarquia, parcelamento e atraso de salários

Cláudio Isaías

Categoria se manifestou contra projeto que propõe divisão de autarquia, parcelamento e atraso de salários

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Os servidores estaduais protestaram, nesta terça-feira, na frente do prédio do Instituto de Previdência do Estado (IPE), na avenida Borges de Medeiros, em Porto Alegre. A categoria se manifestou contra o projeto do governo do Estado: que propõe a divisão da autarquia, o parcelamento e o atraso de salários e o cerceamento da representação sindical dos funcionários públicos.

O presidente da Federação Sindical dos Servidores Públicos no Rio Grande do Sul (Fessergs), Sérgio Arnoud, disse que o governo do Estado sequer realizou um diálogo com os servidores e segurados que são os mantenedores do órgão. “A divisão, IPE Saúde e IPE Previdência, até agora não está muito bem explicada, porque implica na criação de duas autarquias que terão duas direções com duas estruturas, o que vai na contramão da falta de recursos que o governo estadual tanto alega”, ressaltou.

Segundo Arnoud, outra preocupação dos servidores públicos é que o IPE vale duas vezes o valor do Banrisul e pode estar sendo usado como moeda de troca para a repactuação da dívida do Rio Grande do Sul com o governo federal. “O IPE é uma construção dos funcionários estaduais e não podemos abrir mão do IPE público e solidário”, destacou.

Segundo Arnoud, a dívida dos poderes Legislativo e Judiciário com o IPE é superior a R$ 10 bilhões e é por isso que existe uma precarização da instituição, e o governo do Estado não aporta recursos financeiros. “Em 2015, quando o governador José Ivo Sartori assumiu o mandato existia um fundo de assistência à saúde do IPE com R$ 287 milhões, o suficiente para pagar dois meses das despesas de saúde. Hoje, o fundo tem apenas R$ 25 milhões, ou seja, apenas 1/6 do necessário para pagar as despesas de um mês com saúde”, lamentou.

Conforme o presidente da Fessergs, a intenção do governo estadual é inviabilizar o IPE para facilitar a sua privatização. “Não vamos permitir a entrega do instituto para o governo federal. A proposta do Executivo vai contra a Constituição Estadual que estabelece, no artigo 41, que o Estado mantenha órgão ou entidade de previdência e assistência à saúde para os servidores do Estado. Ou seja, é um órgão, não são dois. Então tem que mudar a Constituição”, explicou. A presidente do Cpers/Sindicato, Helenir Aguiar Schürer, afirmou que o IPE nãoé do governador José Ivo Sartori e nem do presidente do instituto, Otomar Vivian. “O IPE é do funcionalismo público. Queremos que o projeto seja discutido com a categoria e que possamos nos posicionar. Somos contra a divisão”, ressaltou.

Segundo Helenir Aguiar, a intenção do governo estadual com a divisão da autarquia é tentar criar cargos com “belos salários” em busca de apoio político. “Não vamos deixar o instituto servir de moeda de troca. Existe um interesse dos planos de saúde de pegar um milhão de usuários do IPE”, acrescentou.

Na semana passada, o governo apresentou o projeto de remodelação do IPE. As propostas anunciadas pelo governador José Ivo Sartori estão alinhadas ao Plano de Modernização do Estado e buscam maior eficiência no atendimento aos beneficiários do instituto. A proposta é dividir o IPE em duas autarquias independentes, com autonomia e gestões especializadas: o IPE Prev e o IPE Saúde. Conforme Sartori, o projeto busca modernizar a autarquia para atingir a uniformidade de critérios na concessão de benefícios.

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