Subsecretária do DF afirmou em depoimento que PMDF não se planejou para 8 de janeiro

Subsecretária do DF afirmou em depoimento que PMDF não se planejou para 8 de janeiro

Coronel Cintia de Castro disse à Polícia Federal que chefe de operações da PMDF encaminhou "apenas protocolo de ações"

R7

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A coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Cintia Queiroz de Castro, subsecretária de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Públia do DF, afirmou em depoimento à Polícia Federal que a PMDF agiu "sem o devido planejamento" durante os atos de vandalismo de 8 de janeiro.

O ofício elaborado com o depoimento da subsecretária é de 17 de fevereiro. O R7 teve acesso ao documento nesta segunda-feira. Cintia Queiroz foi a responsável pela elaboração do protocolo de ações integradas para o 8 de janeiro. Segundo a coronel, o documento foi aprovado pelo então secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres. O responsável pelo planejamento interno da PMDF, contudo, é o Departamento de Operações (DOP) da corporação.

No dia dos episódios de depredação em Brasília, quem estava à frente do DOP era o coronel Paulo José Ferreira de Souza Bezerra, em substituição ao coronel Jorge Eduardo Naime Barreto, que estava afastado da função.

A subsecretária afirmou à PF que, após receber o protocolo de ações integradas, o coronel Bezerra elaborou uma circular que apenas encaminhou o documento, "sem o devido planejamento próprio, a suas unidades subordinadas para se atentarem às providências pertinentes à Polícia Militar do DF".

No entanto, Cintia Queiroz destacou que o procedimento é incomum. "Esclarece a declarante que normalmente os protocolos da Secretaria de Segurança Pública são recebidos pela Polícia Militar e elaborado planejamento próprio, discriminando especificamente o efetivo e a forma de atuação; que é raro não ser elaborado planejamento próprio do órgão; que não se recorda outra vez que ocorreu dessa forma", conforme consta no depoimento colhido pela PF.

Cintia Queiroz reforçou também que "não houve planejamento próprio por parte do Departamento de Operações da PMDF, o qual manteve seu efetivo de sobreaviso e não empenhado no terreno, assim como unidades especializadas (a exemplo do choque montado) não tomaram conhecimento do plano."

De acordo com o depoimento da subsecretaria, pela falta de planejamento, não havia água e comida para os militares em campo em 8 de janeiro.

Outro lado

Também em depoimento à PF, o coronel Bezerra afirmou que, além do protocolo de ações integradas elaborado pela SSP-DF, havia documentos elaborados pelo DOP para reforço de policiamento na área central de Brasília. "Já existiam ordens de serviços produzidas pelo DOP [...] prevendo emprego de efetivo de reforço de policiamento, diuturnamente, no Hotel Meliá com 10 PMs; emprego extraordinário de 60 PMs em Serviço Voluntário Gratificado, que atuariam na fiscalização e condução das viaturas, no domingo, dia 8/1, das 10h às 18h", declarou o coronel Bezerra.

O militar informou, ainda, que foi divulgada uma ordem de serviço sobre a Operação Centúria, com "intensificação de policiamento na área central de Brasília, que passou a vigorar a partir de 7 de janeiro". Bezerra também afirmou que recebia informações sobre os manifestantes apenas por aplicativo de mensagens e que não foi inserido em grupos que discutiam as ações.

O coronel, conforme consta no depoimento à PF, "ficou sabendo, posteriormente, que no dia 4 de janeiro, fora criado, pela SSP-DF, um grupo de WhatsApp, que reunia representantes de todos os órgãos envolvidos, tomadores de decisões, para tratar sobre as possíveis manifestações do final de semana (dias 6, 7 e 8) e que não foi inserido no referido grupo".

Bezerra alegou, portanto, que o acesso às informações de inteligência que tinha vinha, integralmente, de apenas um grupo de conversas. Ele acredita ter sido adicionado ao chat apenas na semana do 8 de janeiro, "o qual limitava-se a estimar a quantidade de manifestantes e o número de ônibus que chegavam a Brasília. Assim, em nenhum momento recebera qualquer informação de inteligência sobre os riscos de tais manifestações". O R7 perguntou à PMDF se, de fato, os militares em campo em 8 de janeiro atuaram sem orientação nem instruções específicas. Até a última atualização desta reportagem, não houve retorno da corporação. O espaço segue aberto.


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