Temer deixa o aeroporto de Guarulhos em direção ao Rio de Janeiro

Temer deixa o aeroporto de Guarulhos em direção ao Rio de Janeiro

Ex-presidente, preso nesta quinta-feira, será levado para uma unidade prisional da PM em Niterói

Correio do Povo, AE e Agência Brasil

Ex-presidente, preso nesta quinta-feira, será levado para uma unidade prisional da PM em Niterói

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Michel Temer está a caminho do Rio de Janeiro. O avião da Polícia Federal que transporta o ex-presidente levantou voo do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, por volta das 16h30min. Temer, preso nesta quinta no âmbito da Operação Lava Jato, será encaminhado para a unidade prisional da Polícia Militar de Niterói, a mesma onde está preso o ex-governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão. Temer deverá passar por exame de corpo de delito e aí levado para uma cela especial.

Os procuradores alegaram que, por ser ex-presidente da República, Michel Temer tem direito a tratamento especial, assim como Moreira Franco, que foi ministro até dezembro de 2018. O coronel reformado da Polícia Militar João Baptista Lima Filho, também terá direito a cela especial no Estado Maior da PM, em Niterói. Segundo o MPF, o coronel, amigo pessoal de Temer, é o operador do esquema de corrupção chefiado pelo ex-presidente.

O ex-presidente da República Michel Temer é alvo de mais nove inquéritos criminais em diferentes seções judiciárias no País. Temer já havia sido denunciado três vezes pela Procuradoria-Geral da República (PGR), entre 2017 e 2018, enquanto era presidente. A Câmara não autorizou análise de dois dos casos e o terceiro nem chegou a ser discutido. Só a partir de janeiro começaram a tramitar, depois de Temer deixar o Planalto.

Dos dez inquéritos, nove estão na Justiça Federal. Desses, quatro estão em Brasília, quatro em São Paulo e um no Rio de Janeiro - aquele em que foi determinada a prisão preventiva dele e de outras sete pessoas - incluindo o aliado e ex-ministro Moreira Franco -, por decisão do juiz Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. Há também um caso encaminhado para a Justiça Eleitoral de São Paulo, para apuração sobre suposto pagamento de propina pela Odebrecht a políticos do MDB. Um dos fatos sob investigação é um suposto acerto, durante um jantar no Palácio do Jaburu - residência oficial da vice-presidência -, para repasses de R$ 10 milhões.

Cinco dos inquéritos contra Temer foram abertos entre 2017 e 2018, quando ele estava no cargo. Outros cinco foram abertos no início de 2019, a pedido da Procuradoria-Geral da República. Todos foram enviados a outras instâncias devido à perda de foro. No pedido de prisão, a força-tarefa da Lava Jato do Rio de Janeiro aponta Temer como destinatário de R$ 1 milhão em propina da Engevix relacionada a contratos na Eletronuclear relacionados à usina nuclear de Angra 3 no Rio de Janeiro. "Temer é líder de uma organização criminosa, que ocupou durante ao menos quase duas décadas muitos dos cargos mais importantes da República, e se valeu de tal poder político para transformar os mais diversos braços do Estado brasileiro em uma máquina de arrecadação de propinas", afirmou o Ministério Público Federal. Relação de inquéritos em que Michel Temer é investigado:

JUSTIÇA FEDERAL DO RIO

Temer é suspeito de ser destinatário de R$ 1,1 milhão. Os valores teriam sido solicitados pelo Coronel Lima ao delator José Antunes Sobrinho. A tratativa estaria relacionada a um esquema de corrupção na usina nuclear de Angra 3. É o caso em que o ex-presidente foi preso. 

INQUÉRITO DOS PORTOS

O presidente da República foi denunciado como integrante de suposto esquema para favorecer empresas por meio de um decreto que assinou em maio de 2017 sobre o setor portuário. A acusação é de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

MALA DE R$ 500 MIL 

Dias após reunião entre Michel Temer e o empresário Joesley Batista no Palácio do Jaburu, um ex-assessor do presidente, Rodrigo Rocha Loures, recebeu R$ 500 mil da JBS. A cena de Loures carregando a mala de dinheiro foi filmada pela Polícia Federal. Temer e Loures foram denunciados pela PGR por corrupção passiva.

QUADRILHÃO DO MDB 

O então presidente da República foi denunciado pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot por organização criminosa e obstrução de Justiça no caso em que membros do MDB foram acusados de fraudar a Petrobras e outras estatais.

DELAÇÃO DA JBS

Há também um inquérito aberto com base na delação da JBS para apurar outros fatos além daqueles que motivaram denúncia.

JANTAR DO JABURU

Caso que apura o suposto pagamento de propina pela Odebrecht a políticos do MDB. Um dos fatos sob investigação é um suposto acerto, durante um jantar no Palácio do Jaburu - residência oficial da Vice-presidência -, para repasses de R$ 10 milhões. O inquérito que tramitava no Supremo foi recém-enviado à Justiça Eleitoral em São Paulo, sob o entendimento do Supremo de que, se há caixa 2 relacionado, o crime de corrupção deve ser julgado na justiça eleitoral.

REFORMA DE IMÓVEL DA FILHA

Em um dos cinco inquéritos abertos em 2019, investiga-se suposta lavagem de dinheiro na reforma de um imóvel em São Paulo pertencente à filha do ex-presidente, Maristela Temer.

NOVO CASO NO PORTO DE SANTOS

Suspeitas narradas pelo delator Flávio Calazans e pela auditoria interna da empresa Pérola S/A sobre suposto contrato fictício de prestação de serviço no valor de R$ 375 mil no porto de Santos.

SUPERFATURAMENTO NA ARGEPLAN 

O caso apura suspeita de superfaturamento e ausência da prestação de serviços em um contrato do Tribunal de Justiça de São Paulo com a Argeplan, empresa ligada ao amigo de Temer conhecido como Coronel Lima - João Batista Lima Filho.

CONTRATO IRREGULAR

Há também suspeitas de que a Argeplan tenha firmado contrato irregular com a empresa Fibria Celulose. Os valores seriam de R$ 15,5 milhões. Além disso, são investigadas transações, em valores de R$ 17,7 milhões, envolvendo a Construbase Engenharia e a PDA Projeto e Direção Arquitetônica. 


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