Temer diz que próximo presidente precisará propor pacto nacional

Temer diz que próximo presidente precisará propor pacto nacional

Ex-presidente da República afirmou que se mantido o cenário atual, o país corre o risco de passar mais quatro anos em clima de conflagração

Flavia Bemfica

Temer citou Simone Tebet. Doria e Bivar como nomes da terceira via

publicidade

O ex-presidente Michel Temer (MDB) sugeriu nesta quarta-feira, em Porto Alegre, que o vencedor da disputa presidencial deste ano proponha, imediatamente após a vitória, um amplo pacto pela reconstrução do país, que inclua tanto os que o elegeram como a oposição. “Se o presidente eleito, no dia da proclamação da sua eleição, disser, olha, temos que reconstruir o Brasil, e para reconstruir o Brasil não devemos olhar pelo retrovisor, porque o retrovisor vai mostrar coisas absolutamente inconvenientes; se convocar a oposição para fazer um pacto nacional; chamar os governadores eleitos, os chefes de poderes, as entidades da sociedade civil, e fazer um grande pacto nacional, quero ver qual brasileiro vai se opor a isso.”

Na avaliação do emedebista, se mantido o cenário atual, o Brasil corre o risco de passar mais quatro anos em clima de conflagração. “Se este pacto não acontecer, não vamos sair deste quadro instável. Estou tão preocupado com a situação de divergência no nosso país que temo que estas divergências que hoje ocorrem, dependendo de quem seja eleito, se estendam para 2026.”

As declarações foram feitas durante reunião-almoço promovida pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide/RS) no Hilton, na qual Temer fez uma análise sobre o cenário político nacional e suas consequências para a economia, e respondeu a questionamentos dos presentes. No encontro, ele fez uma avaliação sobre as possibilidades da chamada "terceira via" na eleição nacional, e citou como possíveis candidatos a senadora Simone Tebet (MDB/MS), o ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o deputado federal Luciano Bivar (União Brasil/PE). Ele não fez qualquer referência ao ex-governador gaúcho, Eduardo Leite, que tenta se colocar como alternativa na corrida. E minimizou a ideologização do cenário político. “Sobre esta coisa de esquerda, direita, centro-esquerda, centro-direita, isso é uma balela eleitoral inteiramente superada desde que caiu o Muro de Berlim. O que o povo quer é resultado, não importa se vem de alguém que se rotula de esquerda ou direita”, definiu.

Além de Temer, também vieram ao RS o presidente nacional do MDB e deputado federal Baleia Rossi (SP), e o ex-ministro Carlos Marun, que atuou como mediador no encontro. Conforme Marun, no quadro atual, a chapa da terceira via "mais provável" é a de Simone Tebet candidata a presidente com Leite de vice. “Faço um raciocínio lógico. O PSDB terá dificuldade em ocupar a cabeça de chapa porque o partido tem um candidato oficial, mas está dividido, e isso atrapalha muito. Como acredito que o Doria não vai aceitar ser vice da Simone, falo do Eduardo. Mas é fato que tanto o Eduardo como o Sergio Moro (União Brasil) erraram em seus últimos movimentos políticos. No caso do Moro, ele está completamente fora do jogo (presidencial)”, projeta Marun.

Da esquerda à direita: Carlos Marun, Sebastião Melo, José Ivo Sartori, Michel Temer e lideranças do Lide Foto: Matheus Piccini 

O "erro" de Moro apontado pelo ex-ministro foi ter trocado de partido sem combinar com a nova sigla de apoiá-lo para a disputa nacional. No caso de Leite, segundo o emedebista, foi o fato de ter deixado o governo do RS e perder a vitrine sem ter um caminho certo a seguir. “Talvez se tivesse ido para o PSD, a esta altura, já estaria com alguma visibilidade. Todos mantêm agenda, é fundamental. O Eduardo, o que está fazendo?”

O roteiro de Temer em solo gaúcho incluiu uma segunda rodada de conversas com empresários, na Federasul, ainda durante a tarde. À noite ele participou de um jantar com lideranças do MDB gaúcho. Parte delas, como os ex-governadores José Ivo Sartori e Germano Rigotto, o prefeito Sebastião Melo e o pré-candidato do partido ao governo, deputado estadual Gabriel Souza, estavam no almoço. Após o evento, o presidente do Lide/RS, Eduardo Fernandez, disse que a entidade deverá intensificar encontros que tratem de política no segundo semestre, quando os ‘players’ da disputa nacional estiverem todos definidos.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895