Temer pede solução negociada com Coreia do Norte

Temer pede solução negociada com Coreia do Norte

Presidente afirmou que disparo de míssil reacende temores de uma guerra

AE

Presidente discursou durante a 9ª Cúpula dos Brics

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O teste nuclear realizado pela Coreia do Norte nesse domingo reacende temores que pareciam ter ficado nos livros de história, disse o presidente Michel Temer em discurso durante a 9ª Cúpula dos Brics. Como os líderes da Rússia, Índia, China e África do Sul, o brasileiro defendeu uma solução negociada para o impasse.

A detonação ocorreu poucas horas antes de o presidente chinês, Xi Jinping, receber os líderes do grupo para o encontro em uma ilha no sul da China, no último domingo. Essa foi a segunda vez em que atividades nucleares norte-coreanas coincidiram com eventos diplomáticos importantes para Pequim neste ano.

A China é o principal aliado internacional de Pyongyang e sofre pressão crescente do presidente Donald Trump para conter as ambições bélicas de Kim Jong-un. "Em perspectiva mais abrangente e de mais longo prazo, o desarmamento nuclear é a garantia mais eficaz contra a proliferação", afirmou Temer no encontro que teve participação de três
potências nucleares - China, Rússia e Índia.

O presidente lembrou que o Brasil esteve na origem da negociação do Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares, assinado em julho por 122 países no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU). O documento não teve adesão de nenhuma das nações que possuem armas nucleares, incluindo os parceiros do Brasil no Brics.

"O mundo permanece sob o signo da incerteza", declarou Temer. "Parece haver uma erosão do apego ao direito internacional; uma erosão da crença nos benefícios do livre comércio; uma erosão da convicção quanto ao imperativo de enfrentarmos, juntos, desafios que são compartilhados." Temer elogiou a atuação da Rússia na Síria e defendeu uma saída diplomática para a guerra. Também afirmou que o Brasil é favorável à criação de dois Estados para resolver o conflito Israel-Palestina.

"A Rússia, presidente Putin, tem feito um trabalho extraordinário para composição dos vários conflitos", afirmou Temer em relação à atuação do país na Síria. Moscou é o principal aliado do presidente Bashar Assad e suas forças combatem não apenas o Estado Islâmico, mas grupos rebeldes que se opõem ao regime de Damasco. O brasileiro disse que a ameaça do terrorismo exige uma resposta cada vez mais coordenada entre as nações e propôs a criação de um Fórum de Inteligência dos Brics para troca de informações sobre o assunto.

A situação da Venezuela também foi mencionada no discurso de Temer, que ressaltou a escassez de comida, remédios e itens básicos e o crescimento no fluxo de refugiados para o Brasil e outros países da região. "A situação é de instabilidade e de crise humanitária."

A China é o grande financiador externo de Caracas e concedeu linhas de crédito de US$ 62,2 bilhões ao país entre 2005 e 2016, quase metade dos créditos concedidos a toda a América Latina no período. Na última sexta-feira, o governo chinês afirmou que continuará a investir na Venezuela, a despeito da instabilidade na qual o país está mergulhado.

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