"Tenho vários defeitos, menos negar as m...* que eu fiz" diz secretária da Fazenda
Pricilla Santana quebra protocolo durante participação em audiência da Comissão de Finanças da Assembleia Legislativa, que trata do Regime de Recuperação Fiscal
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A espontaneidade da secretária estadual da Fazenda, Pricilla Santana, que participa de audiência pública da Comissão de Finanças, Planejamento, Fiscalização e Controle da Assembleia Legislativa na manhã desta quinta-feira, está surpreendendo parlamentares e representantes de entidades presentes.
Ao admitir sua responsabilidade sobre perdas geradas ao RS por uma opção feita pelo Ministério da Fazenda após as negociações com estados e municípios que, em 2014, resultaram na troca do antigo indexador para o pagamento da dívida com a União, a secretária quebrou o protocolo. “Tenho vários defeitos, menos negar as merdas que eu fiz, ou faço.” Na sequência, Pricilla pediu desculpas.
VÍDEO | "Tenho vários defeitos, menos negar as m...* que eu fiz" diz a secretária da Fazenda Pricilla Santana, em audiência da Comissão de Finanças da Assembleia Legislativa
— Correio do Povo (@correio_dopovo) November 30, 2023
Reprodução/ Audiência de Comissão de Finanças pic.twitter.com/2ltLD9mfoU
A frase é uma referência expressa ao fato de ter sido a hoje secretária, então como servidora de carreira do Ministério da Fazenda, quem, à época, assinou a nota técnica indicando que a curva acumulada da Selic deveria ser a utilizada para indexar os pagamentos. “O indexador anterior, o IGP-DI, mais uma taxa mensal de juros, era muito pesado para os estados. A União trocou pelo IPCA ou a Selic, o que fosse menor. E a opção do Ministério da Fazenda foi a de usar a curva acumulada, que minimizava a perda para a União”, continuou ela.
Pricilla destacou que a Selic “de repente explodiu e foi a dois dígitos.” E seguiu: “De 2014 até hoje o RS pagou 15% além do que deveria ter pago, em função da minha opção de trabalhar com a curva acumulada. Se alguém perde menos, alguém paga mais.”
Em outro momento, ao adiantar aos presentes que o RS não vai aceitar os termos atuais da proposta do governo federal de revisão do Regime de Recuperação Fiscal (RRF), a secretária utilizou uma expressão popular. “A União sabe que uma dívida ‘selicada’ é impagável para todos os estados. Mas a proposta deles é de que, para evitar isso, ao invés de pagar os R$ 956 milhões agora, eu pague R$ 2,5 bilhões. Não dá. Não cheirei orégano.” O valor de R$ 956,58 milhões é o previsto para pagamento de serviços da dívida dentro do RRF em 2024, conforme tabela apresentada pela titular da Fazenda na audiência.
A audiência é para debater o RRF, que trata da renegociação da dívida do Estado com a União, e a situação financeira e fiscal do Rio Grande do Sul.