"Tenho vários defeitos, menos negar as m...* que eu fiz" diz secretária da Fazenda

"Tenho vários defeitos, menos negar as m...* que eu fiz" diz secretária da Fazenda

Pricilla Santana quebra protocolo durante participação em audiência da Comissão de Finanças da Assembleia Legislativa, que trata do Regime de Recuperação Fiscal

Flavia Bemfica

Secretária da Fazenda, Pricilla Santana destacou as ações do governo do Estado para o equilíbrio das contas públicas

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A espontaneidade da secretária estadual da Fazenda, Pricilla Santana, que participa de audiência pública da Comissão de Finanças, Planejamento, Fiscalização e Controle da Assembleia Legislativa na manhã desta quinta-feira, está surpreendendo parlamentares e representantes de entidades presentes.

Ao admitir sua responsabilidade sobre perdas geradas ao RS por uma opção feita pelo Ministério da Fazenda após as negociações com estados e municípios que, em 2014, resultaram na troca do antigo indexador para o pagamento da dívida com a União, a secretária quebrou o protocolo. “Tenho vários defeitos, menos negar as merdas que eu fiz, ou faço.” Na sequência, Pricilla pediu desculpas.  

A frase é uma referência expressa ao fato de ter sido a hoje secretária, então como servidora de carreira do Ministério da Fazenda, quem, à época, assinou a nota técnica indicando que a curva acumulada da Selic deveria ser a utilizada para indexar os pagamentos. “O indexador anterior, o IGP-DI, mais uma taxa mensal de juros, era muito pesado para os estados. A União trocou pelo IPCA ou a Selic, o que fosse menor. E a opção do Ministério da Fazenda foi a de usar a curva acumulada, que minimizava a perda para a União”, continuou ela.

Pricilla destacou que a Selic “de repente explodiu e foi a dois dígitos.” E seguiu: “De 2014 até hoje o RS pagou 15% além do que deveria ter pago, em função da minha opção de trabalhar com a curva acumulada. Se alguém perde menos, alguém paga mais.”

Em outro momento, ao adiantar aos presentes que o RS não vai aceitar os termos atuais da proposta do governo federal de revisão do Regime de Recuperação Fiscal (RRF), a secretária utilizou uma expressão popular. “A União sabe que uma dívida ‘selicada’ é impagável para todos os estados. Mas a proposta deles é de que, para evitar isso, ao invés de pagar os R$ 956 milhões agora, eu pague R$ 2,5 bilhões. Não dá. Não cheirei orégano.” O valor de R$ 956,58 milhões é o previsto para pagamento de serviços da dívida dentro do RRF em 2024, conforme tabela apresentada pela titular da Fazenda na audiência.

A audiência é para debater o RRF, que trata da renegociação da dívida do Estado com a União, e a situação financeira e fiscal do Rio Grande do Sul. 


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