Tereza Cristina diz que declarações de Macron foram "oportunistas"

Tereza Cristina diz que declarações de Macron foram "oportunistas"

Ministra afirmou que fala prejudicou imagem do Brasil, mas bom senso prevaleceu com disposição de envio de ajuda pelo G-7

AE

Ministra afirmou que não descarta boicote

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A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que considera "oportunistas" as declarações do presidente da França, Emmanuel Macron, que criticou seu homólogo brasileiro, Jair Bolsonaro. Entretanto, ela se disse satisfeita com os resultados da reunião do G-7, em que os países mais ricos do Ocidente ofereceram ajuda ao Brasil para o combate aos incêndios florestais na Amazônia. "Foram declarações oportunistas, isso prejudica a imagem do Brasil. Mas o bom senso prevaleceu e, ontem (domingo), tivemos apoio dos sete países dizendo que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa", disse a ministra na Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, em São Paulo.

"Nossas relações comerciais com a Europa, depois do acordo, deixaram alguns países preocupados pela pujança do nosso agronegócio, pelo mercado que podemos tirar, principalmente da Irlanda, sentimos preocupações com a carne. E não é de hoje que produtores da França se insurgem contra produtos brasileiros, querendo denegrir nossa imagem. Mas graças a Deus, o bom senso prevalece". Ela criticou também a cobertura da imprensa brasileira em relação às queimadas na Amazônia e à aceleração na liberação de agrotóxicos.

A ministra disse que "fica preocupada com a histeria que hoje existe na imprensa brasileira em falar mal do Brasil". "Isso é crime lesa-pátria que se comete. Tanto no problema ambiental... Qual país não tem esse problema?", perguntou ela. "Principalmente com a Amazônia. Como se pudéssemos ter controle absoluto. E os recursos enviados para o Brasil nem sempre vão para o que é necessário. Tem de se colocar dinheiro aqui, mas não interferir na soberania do nosso País. Também sofremos campanha de resíduos que inexiste. O Brasil faz parte de todos os acordos internacionais, exporta para todos os países e raramente temos cargas devolvidas por problemas de resíduos."

Tereza Cristina não descartou a possibilidade de boicote internacional a produtos brasileiros por questões ambientais: "Não posso descartar porque não sou eu que faço boicote". Ela destacou, entretanto, que acha exagerado ligar os produtos agrícolas brasileiros a queimadas. "O problema existe e o Brasil sabe disso. Há preocupação com queimadas – que acontecem todos os anos –, mas acho oportunismo dizer que isso tem relação com os produtos brasileiros", argumentou.

A titular da pasta da Agricultura disse ainda que, apesar do aumento nos últimos meses, o avanço das queimadas em todo o ano de 2019 não é tão alto. A ministra não falou sobre o desmatamento ou sobre o fato de o período de estiagem na região ser mais brando até o momento em 2019. "É exagero comparar dados referentes apenas a um mês".

'Compromisso com a sustentabilidade'

Segundo Tereza Cristina, o Brasil concilia produtividade e sustentabilidade na produção agrícola. "O caminho que o Brasil escolheu trilhar é o da ampliação da produtividade promovendo a sustentabilidade ambiental, econômica e social. O Brasil tem uma das legislações ambientais mais avançadas do mundo, o Código Florestal, que é referência e reforça o compromisso de seguir o caminho da sustentabilidade", afirmou em outro evento em São Paulo, o 4.º Diálogo Brasil-Japão.

A ministra afirmou também que é preciso mostrar ao mundo que o Brasil produz alimentos com sustentabilidade. "Os exigentes compradores globais precisam ser informados sobre a realidade da produção dos alimentos no Brasil - desde sua origem nas fazendas até a mesa do consumidor. É fundamental que o mundo conheça o exemplo que a agricultura brasileira tem a dar em aspectos ambientais, sociais e trabalhistas."
 


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