Torres, Heleno e Gonçalves Dias estão na mira da relatora da CPMI do 8 de Janeiro

Torres, Heleno e Gonçalves Dias estão na mira da relatora da CPMI do 8 de Janeiro

Ex-ministros, empresários e policiais estão entre os nomes que a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) quer convocar para depor

R7

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A relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), quer convocar ao menos 37 pessoas para depor no colegiado. Entre os nomes, estão o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto, os ex-ministros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno e Gonçalves Dias, além do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques.

As sugestões da relatora indicam que ela pretende interrogar tanto as pessoas diretamente ligadas aos ataques aos prédios dos Três Poderes, como nomes relacionados a eventos que antecederam os atos de vandalismo. Isso porque ela também pediu a convocação de supostos financiadores dos atos de vandalismo, de pessoas que estavam na Praça dos Três Poderes no 8 de janeiro ou de empresários que forneceram apoio ao acampamento de manifestantes no Quartel-General do Exército.

Ela ainda quer convocar os envolvidos na tentativa de explodir uma bomba nas proximidades do Aeroporto Presidente Juscelino Kubitschek, em Brasília, em 24 de dezembro do ano passado. Alan Diego dos Santos e George Washington de Oliveira Sousa foram presos por participação no episódio, e a senadora avalia que os depoimentos podem ajudar a entender o clima instalado na capital e que pode ter contribuído para os eventos antidemocráticos do 8 de janeiro.

Autoridades ligadas à Polícia Militar, Polícia Civil e Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal também estão na mira de Eliziane. Veja a lista de pessoas que ela pede que sejam convocadas:

• Fábio Vieira, ex-comandante da PMDF;
• Jorge Eduardo Naime, ex-chefe do Departamento Operacional da PMDF;
• Paulo José Bezerra, ex-chefe interino do Departamento de Operações (DOP);
• Leonardo de Castro, diretor de Combate à Corrupção e Crime Organizado da PCDF;
• Júlio Danilo Ferreira, ex-secretário de Segurança Pública do DF;
• Robson Cândido, delegado-geral da PCDF;
• Valdir Pires Dantas, perito da PCDF;
• Marília Ferreira de Alencar, ex-subsecretária de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do DF;
• Fernando de Souza Oliveira, ex-secretário executivo da Secretaria de Segurança Pública do DF.

A relatora também protocolou requerimentos que pedem o compartilhamento de documentos, quebra de sigilo e a reclassificação de relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que contenham os alertas e as análises dos riscos das manifestações que antecederam o 8 de Janeiro. Eliziane também quer ter acesso aos relatórios de inteligência produzidos pela Abin e que supostamente foram adulterados por Gonçalves Dias, ex-ministro do GSI do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Veja outros nomes alvo de requerimento:

• Ailton Barros, militar da reserva Ailton Barros, que foi preso na operação da PF sobre fraudes em cartões de vacinação;
• Adauto Lucio de Mesquita, empresário mencionado em relatório da PCDF suspeito de coordenar o financiamento do acampamento no QG do Exército;
• Ainesten Espírito Santo Mascarenhas, empresário que participou da depredação nas sedes dos Três Poderes;
• Albert Alisson Gomes Mascarenhas, empresário que participou da depredação nas sedes dos Três Poderes;
• Antônio Elcio Franco Filho, ex-número 2 da Saúde, investigado pela PF por tramar suposto plano de golpe de Estado;
• Argino Bedin, empresário suspeito de financiar os atos de vandalismo;
• Diomar Pedrassani, empresário suspeito de financiar atos extremistas;
• Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto (CMP);
• Jeferson Henrique Ribeiro Silveira, motorista acusado de participar da tentativa de atentado a bomba no Aeroporto de Brasília;
• José Carlos Pedrassani, empresário suspeito de financiar os atos de vandalismo;
• Joveci Xavier de Andrade, empresário suspeito de financiar os atos de vandalismo;
• Leandro Pedrassani, empresário suspeito de financiar os atos de vandalismo;
• Milton Rodrigues Neves, delegado da Polícia Federal;
• Márcio Nunes de Oliveira, ex-diretor-geral da Polícia Federal;
• Mauro Cesar Barbosa Cid, tenente-coronel do Exército preso na operação da PF que investiga caso das joias sauditas dadas de presente à família Bolsonaro;
• Ricardo Garcia Cappelli, número 2 do Ministério da Justiça, interventor federal no Distrito Federal e ministro interino do GSI.
• Roberta Bedin, empresária suspeita de financiar atos de vandalismo;
• Wellington Macedo de Souza; blogueiro envolvido no episódio da tentativa de ataque a bomba no Aeroporto de Brasília.

Quase 900 requerimentos foram protocolados na CPMI. Ao apresentar o plano de trabalho do colegiado na semana passada, Eliziane afirmou que levará em conta os pedidos "ouvindo a minoria, mas levando em consideração o princípio da maioria".

Segundo a senadora, somente após a aprovação de requerimentos de quebra de sigilo, com pedidos de transferência de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático, é que a comissão conseguirá avançar nas investigações e fazer uma "segunda rodada" de oitivas. Até o momento, Eliziane tem evitado dizer se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) será convocado a depor no colegiado. Nos bastidores, a base do governo Lula articula um plano para convocar o ex-chefe do Executivo federal, mas isso só deve ocorrer se houver pistas que liguem diretamente Bolsonaro aos atos de vandalismo.


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