TSE nega pedido de Dilma para retirar reportagem da Veja do Facebook

TSE nega pedido de Dilma para retirar reportagem da Veja do Facebook

Presidente afirmou em seu horário eleitoral que revista faz "terrorismo eleitoral"

AE

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* Com informações da Agência Brasil

O pedido para retirada da reportagem publicada nessa quinta-feira na página do Facebook da revista Veja feito pela coligação de apoio a candidata Dilma Rousseff (PT) foi negado nesta sexta. A matéria apresenta o seguinte título: "Tudo o que você queria saber sobre o escândalo da Petrobras: Dilma e Lula sabiam". A reportagem acrescenta que o doleiro Alberto Youssef disse que Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabiam do esquema de corrupção na Petrobras.

Na representação, a coligação de Dilma acusa a revista de ter antecipado sua edição para sexta-feira para "tentar afetar a lisura do pleito eleitoral". A representação diz ainda: "a matéria absurda de capa [...] imputa crime de responsabilidade à candidata (...) e a mensagem ofensiva da capa da revista tem por objetivo bem delineado: agredir a imagem da candidata. 

Para negar o pedido o ministro Admar Gonzaga alegou que o artigo da lei eleitoral citado na representação (art. 57-D, § 3º, da Lei das Eleições) para pedir a retirada do ar não está em vigor nas eleições deste ano. Com isso, a representação foi arquivada, sem julgamento sobre o conteúdo.

"O dispositivo invocado para a suspensão da veiculação (§ 3º do art. 57-D da Lei nº 9.504/1997), consoante entendimento deste Tribunal Superior (Consulta nº 1000-75), não tem eficácia para o pleito de 2014, razão pela qual indefiro liminarmente a petição inicial e extingo o processo sem resolução do mérito, nos termos do art. 267, I, do Código de Processo Civil.", diz o despacho do ministro.

Dilma rebate as denúncias e fala em falta de ética da Veja
A presidente Dilma Rousseff usou seu horário eleitoral na tarde desta sexta-feira para rebater as denúncias veiculadas pela Revista Veja e disse que a Justiça vai condenar a publicação pelo que chamou de "crime".

"Não posso me calar frente a este ato de terrorismo eleitoral articulado pela Revista Veja e seus parceiros ocultos", disse a presidente. Dilma classificou o teor da reportagem publicada pela semanal de "barbaridade" e de "infâmia". A presidente também criticou o fato de a revista ter antecipado sua edição para esta sexta-feira - a revista normalmente é distribuída aos sábados - e alegou que a publicação excedeu "todos os limites da decência e da falta de ética".

"Isso é um crime. É mais do que clara a intenção malévola da Veja de interferir de forma desonesta e desleal nos resultados das eleições".

Na edição que circula a partir de hoje, a Revista Veja traz uma reportagem segundo a qual o doleiro Alberto Youssef revelou à Justiça que Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinham conhecimento de práticas de corrupção na Petrobras. O depoimento do doleiro, investigado no âmbito da Operação Lava Jato da Polícia Federal, que apura um esquema de lavagem de dinheiro que pode ter movimentado R$ 10 bilhões, teria ocorrido na última terça-feira, dia 21, em Curitiba.

A maior parte do programa eleitoral da petista foi reservado para reagir à acusação. Ela afirmou que o povo vai responder à revista "nas urnas" e que ela fará o mesmo "na Justiça".

"Sem apresentar nenhuma prova concreta e mais uma vez se baseando em supostas declarações de pessoas do submundo do crime, a revista tenta envolver a mim e ao presidente Lula nos episódios da Petrobras que estão sob investigação da Justiça. Todos os eleitores sabem da campanha sistemática que esta revista move há anos contra Lula e contra mim", disse Dilma. "Mas como das outras vezes e em outras eleições, Veja vai fracassar em seu intento criminoso", acrescentou.

Dilma declarou ainda que não é possível aceitar que se divulguem "falsas denúncias no meio de um processo eleitoral em que o que está em jogo é o futuro do Brasil".

Oposição quer ouvir a presidente na CPI da Petrobras
A oposição defendeu que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que apura denúncias de irregularidades na Petrobras, ouça o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff sobre o teor da reportagem da revista Veja. A CPMI não tem poder de convocar a presidente da República. Mediante a aprovação de um requerimento, pode apenas convidá-la a comparecer.

"O mar de lama é do governo dela (Dilma). Se ela sabia e participou do processo, isso é passível de cassação do mandato e de cadeia", afirmou o líder da minoria na Câmara, deputado Domingos Sávio (PSDB-MG). "A gente sabia que a delação premiada iria trazer transtornos violentos para o País. Em função da delação, temos que ouvir o Lula e a Dilma", acrescentou o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), integrante do colegiado.

O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), também argumentou que ambos precisam prestar explicações. "Eu acho que é o desdobramento natural (oitivas na CPMI). As denúncias não podem ficar por isso mesmo. Aprofundá-las é algo natural e necessário", disse.

Para Domingos Sávio, Dilma não pode alegar que não tem responsabilidade sobre as irregularidades na Petrobras. "Dilma sabia do roubo e, com isso, participou de tudo", disse o tucano. Para ele, "é fundamental" que a denúncia tenha vindo à público antes do segundo turno. O deputado espera que as pessoas tomem consciência que "a coisa é muito grave". "Com os depoimentos de ambos (Youssef e Paulo Roberto Costa), fica claro que se instalou uma quadrilha no poder. Não tenho dúvidas que a presidente Dilma e o ex-presidente Lula tinham conhecimento (do esquema) como orientaram", concluiu.

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