UE procura deixar de lado suas diferenças para enfrentar crise energética

UE procura deixar de lado suas diferenças para enfrentar crise energética

Líderes do bloco começaram em Praga uma cúpula em busca de uma estratégia

AFP

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Os líderes da União Europeia (UE) iniciaram nesta sexta-feira (7) em Praga uma cúpula em busca de uma estratégia comum para enfrentar a crise energética que atinge o bloco, em em cenário de tensões pelo conflito da Ucrânia. As bases das conversas estão delineadas nas propostas da Comissão Europeia (braço executivo da UE) para reduzir as exorbitantes contas de energia, mas depois da urgência, em que todos concordam, também há divergências.

Em uma carta aos líderes do bloco, a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, insistiu que "somente uma resposta europeia comum pode reduzir os custos de energia para famílias e empresas". "A questão da energia será dominante nesta reunião. Temos que reduzir os preços da energia, e isso é tanto uma questão de economia quanto de segurança", disse o chefe da diplomacia da UE, chegando ao Castelo de Praga, Joseph Borrell.

Kaja Kallas, primeira-ministra da Estônia, disse ao chegar à reunião que "todos estão sofrendo com os altos preços da energia, e devemos ter uma solução comum ou os países que têm mais dinheiro em seus orçamentos prevalecerão sobre os demais". Ursula von der Leyen ressaltou que os países do bloco protegeram seu mercado de energia, mas admitiu que "é hora de falar sobre como limitar os aumentos de preços" ao consumidor.

Enquanto isso, o chefe do Conselho Europeu, Charles Michel, indicou que "a crise energética é um desafio muito importante" que o bloco terá que enfrentar de forma unificada. A indústria europeia é altamente dependente do gás natural, especialmente da Rússia, e a guerra fez os custos dispararem. Agora, o bloco procura uma saída para a situação.

Quinze países pediram publicamente a adoção de um teto de preço para todo o gás natural importado para a UE, embora um grupo liderado pela Alemanha tenha manifestado oposição à iniciativa. Um relatório técnico da Comissão apontou que tal medida geraria mais problemas do que soluções possíveis e sugeriu que a adoção de tal teto fosse limitada ao gás russo.

Para a Comissão, essa alternativa permitiria reduzir as contas de energia e ao mesmo tempo privar a Rússia de recursos para financiar a invasão da Ucrânia. A intenção, no entanto, ainda está distante de um acordo que satisfaça a todos.

Krisjanis Karins, primeiro-ministro da Letônia, disse nesta sexta-feira que "existem vários mecanismos, mas precisamos agir em nível europeu, não podemos deixar que alguns países o façam individualmente".

Evitar o caos

Além de suas divisões internas, os europeus têm que lidar com a relutância de seus fornecedores. A Opep+, aliança dos 13 membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), liderada pela Arábia Saudita, e seus dez parceiros, liderados pela Rússia, decidiu esta semana cortar drasticamente sua produção para sustentar os preços.

Neste cenário, o ministro da Economia alemão, Robert Habeck, lamentou na quarta-feira os preços "astronômicos" exigidos por países como Noruega e Estados Unidos para o seu gás. A UE decidiu cessar suas compras de petróleo russo por mar a partir de 5 de dezembro, e será difícil para terceiros países aceitarem o teto dos preços do petróleo russo decidido com o G7.

A prioridade, portanto, é evitar um sentimento de "cada um por si" que acaba exacerbando a crise com medidas que deixam a cooperação de lado. Há uma semana, a Alemanha fez soar o alarme sobre essa possibilidade, ao anunciar unilateralmente um enorme plano de 200 bilhões de euros para proteger sua economia da crise energética, iniciativa que gerou visível irritação em outras capitais europeias.

A situação na Ucrânia também ocupará parte da agenda dos líderes europeus. Chegando ao Castelo de Praga como convidada especial, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, anunciou que vai pressionar por uma melhor entrega de armas ao exército ucraniano para incluir tanques.


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