União tem 48h para se manifestar em ação sobre vacinação em Manaus

União tem 48h para se manifestar em ação sobre vacinação em Manaus

Ação ajuizada pelas Defensorias Públicas do Amazonas requer imunização contra a Covid-19 de 70% da população da capital e sete municípios em situação crítica no interior

AE

É inaceitável que atletas sejam vacinados para que os eventos esportivos sejam realizados, furando a fila natural da ordem das vacinas

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O governo federal tem 48 horas para se manifestar sobre a ação ajuizada pelas Defensorias Públicas do Amazonas e da União que requer imunização contra a Covid-19 de 70% da população de Manaus e sete municípios em situação crítica no interior. Segundo a decisão da juíza Jaiza Fraxe, da 1ª Vara Federal Cível do Amazonas, a vacinação deve começar em até 30 dias. A determinação contempla, além de Manaus, Manacapuru, Tefé, Iranduba, Itacoatiara, Parintins, Coari e Tabatinga, em razão da grave situação epidemiológica desses municípios.

O pedido tem base em estudos elaborados por oito cientistas, como Jesen Orellana, da Fiocruz, e Lucas Ferrante, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), que traça modelo epidemiológico apontando que as taxas de transmissão da nova variante, a reinfecção por perda de imunidade após seis meses e os cenários de vacinação e isolamento social do Estado convergem para, no curto prazo, "uma nova explosão de óbitos na capital e nas principais cidades do Amazonas" e mais casos da nova variante para o resto do Brasil.

Para o epidemiologista Jesem Orellana, a estratégia de vacinação em massa para Manaus, que alcance 70% da população elegível e no menor espaço de tempo possível, de preferência ainda neste primeiro semestre de 2021, é medida potencialmente efetiva em termos sanitários, já que contém, ao menos, a circulação viral na cidade e nos municípios em constante contato com a capital. "A medida de cunho sanitário e humanitário reduz gastos, adoecimento e mortes evitáveis, além de reduzir ainda a chance do aparecimento de novas e ameaçadoras mutações do Sars-Cov-2" , diz Orellana.

"Também pode oferecer respostas sobre: o processo de imunização e suas repercussões sobre novas variantes, o padrão de reposta imune em pacientes previamente infectados ou não, considerando diferentes cenários de imunização e, também, em relação ao monitoramento de eventuais eventos adversos pós-vacinação", destaca o cientista.

'Fura-filas'

As médicas Gabrielle e Isabelle Kirk Maddy Lins, filhas dos donos da universidade e hospital Nilton Lins, receberam a segunda dose da vacina contra a covid-19. A história das irmãs veio a público no mês passado porque elas teriam "furado" a fila de vacinação no Estado.

Na época, a juíza federal Jaiza Fraxe, da 1ª Vara Federal Cível do Amazonas, proibiu os médicos de tomarem a segunda dose até que chegasse a vez deles na lista de prioridades. Procurada, a Procuradoria da República no Amazonas informou que, desta vez, "não se vislumbra irregularidade na aplicação da segunda dose aos médicos".

"Com o avanço da vacinação, a Prefeitura de Manaus iniciou, na última segunda-feira, a imunização dos grupos 4 e 5 de trabalhadores da saúde, que inclui funcionários de clínicas privadas e drogarias, além de trabalhadores administrativos das secretarias de Saúde e do Complexo Regulador", diz a nota. A reportagem procurou as médicas, mas ambas não retornaram mensagens no WhatsApp.


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