Vacinação de adolescentes contra Covid-19 avança de forma desigual no RS

Vacinação de adolescentes contra Covid-19 avança de forma desigual no RS

Estado aplicou primeira dose em 50,8% da faixa etária entre 12 e 17 anos, mas remessas específicas para este público ainda não chegaram e campanhas ficaram ainda mais dependentes de planejamentos municipais

Flavia Bemfica

SES orienta as cidades que efetuem uma logística rigorosa na utilização de doses encaminhadas em cada remessa,

publicidade

Com o país prestes a completar um mês desde a data estabelecida para que tivesse início a vacinação contra a Covid-19 da população de 12 aos 17 anos sem comorbidades, parte dos adolescentes, principalmente os que estão na ponta da idade limite (os de 12 e 13 anos), segue aguardando pela aplicação da primeira dose no RS. Após ter suspendido a imunização deste público na metade de setembro, o Ministério da Saúde voltou atrás no dia 22 daquele mês, e o incluiu novamente na campanha, projetando a distribuição de doses para ele a partir da primeira semana de outubro. Até agora, porém, a remessa de primeiras doses (D1) para este grupo específico não começou, e a Secretaria Estadual da Saúde (SES) não tem informação sobre quando terá início. Com isso, a exemplo do que ocorre em vários outros estados, a campanha avança de modo irregular entre cidades gaúchas, e se tornou mais dependente de prioridades definidas por gestores municipais.

Sem doses carimbadas do ministério, as secretarias estadual e municipais pactuaram em reuniões da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) o direcionamento de quantitativos (pequenos) para as faixas de 17 e 16 anos sem comorbidades até o momento. Há, também, recomendação expressa para que as cidades avancem para a faixa etária imediatamente anterior sempre que possível, o que vem sendo possível com o remanejamento de sobras e estoques. Na prática, conforme dados atualizados até a manhã desta terça-feira, 12, o RS aplicou a primeira dose em 438.705 (50,8%) dos adolescentes de 12 a 17 anos. Dois terços dos que receberam a primeira aplicação têm 15 anos ou mais.

Exemplo da forma como a campanha avança a depender da gestão municipal, das 20 cidades mais populosas do Estado (elas somam 49,19% da população total), 12 já alcançaram a faixa dos 12 anos, entre elas a Capital, Porto Alegre, que desde 23 de setembro aplica primeiras doses para aqueles com 12 ou mais. Três vacinam adolescentes de 13 anos. Mas a segunda maior cidade gaúcha, Caxias do Sul, que abriu a imunização da faixa etária dos 14 anos em 29 de setembro, não avançou para nova faixa desde então. E Canoas, a terceira maior cidade, começa a imunizar adolescentes de 14 anos sem comorbidades nesta quarta, 13. Em Pelotas (quarta maior cidade), Passo Fundo e Guaíba o cronograma está nos 15 anos.

Às reclamações cada vez maiores da população, prefeituras mais atrasadas no cronograma com frequência justificam que aguardam por mais doses. Mesmo que, ao longo de toda a campanha de imunização, em diferentes etapas, o Estado tenha tomado a dianteira e seguido com a vacinação para novos grupos antes da liberação de doses pelo ministério. E que, conforme painéis de vacinação dos próprios municípios, em parte deles as diferenças entre primeiras doses recebidas e aplicadas permitiriam avançar.

A SES orienta as cidades que efetuem uma logística rigorosa na utilização de doses encaminhadas em cada remessa, de forma a que, se avançarem na faixa etária, tenham claro que, em oito semanas, precisarão fazer uma segunda aplicação. Mas alerta os gestores municipais sobre o curto prazo de validade da vacina da Pfizer (a única permitida para adolescentes) após o descongelamento: 31 dias. “Em primeiro lugar, não se deve desprezar doses de vacina. Se o município dispõe de doses que vão vencer, foram usadas todas as estratégias de adesão, o público (alvo) não procurou, há uma população que deseja se vacinar e tem indicação de receber a vacina, deve utilizar. Mas sempre, claro, mantendo o controle de distribuição, para que não ocorram problemas no futuro”, aponta a chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Centro de Vigilância em Saúde (Cevs) da secretaria estadual, Tani Ranieiri. A Capital, Porto Alegre, foi uma das cidades que lançou mão da estratégia no final de setembro. “Precisa haver planejamento rigoroso. Isto não é ilegal. Isto é usar as doses, aumentar a população vacinada e alcançar o mais rápido possível a imunidade coletiva, que é o que queremos”, completa Tani.

Idade a partir da qual está sendo aplicada a D1 nas 20 maiores cidades gaúchas

Porto Alegre: 12 anos
Caxias do Sul: 14 anos
Canoas: abrirá a imunização para a faixa etária dos 14 anos a partir desta quarta-feira, 13 de outubro 
Pelotas: 15 anos
Gravataí: 12 anos
Santa Maria: 12 anos
Viamão: 12 anos
Novo Hamburgo: 12 anos
São Leopoldo: 12 anos
Rio Grande: 13 anos
Alvorada: 12 anos
Passo Fundo: 15 anos
Sapucaia do Sul: 12 anos
Uruguaiana: a cidade imunizava adolescentes a partir dos 13 anos na segunda-feira, 11 de outubro, mas suspendeu a vacinação desta faixa etária nesta quarta, 13, informando que aguarda por novas doses
Santa Cruz do Sul: 12 anos
Cachoeirinha: 12 anos
Bagé: 12 anos
Bento Gonçalves: 13 anos
Erechim: 12 anos
Guaíba: 15 anos

 

 


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895