Vasques nega relação próxima com Bolsonaro e justifica foto com ex-presidente

Vasques nega relação próxima com Bolsonaro e justifica foto com ex-presidente

Ex-diretor-geral da PRF depõe na CPMI do 8 de Janeiro e explica operações policiais no Nordeste no do segundo turno das eleições

R7

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O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques afirmou nesta terça-feira (20) que tinha uma relação "profissional" com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele justificou que as fotos que tem com o ex-chefe do Executivo só foram possíveis porque Bolsonaro "foi o único presidente que autorizou" os registros, e que ter uma foto ao lado do presidente da República "emociona" os policiais.

"Eu nunca fui em nenhuma festa dele, por exemplo, da filha dele mais nova. Não sou padrinho, não sou parente. Nunca votei nele porque meu titulo de eleitor está e sempre esteve em Florianópolis. O que a gente tinha era uma relação muito profissional", disse.

O ex-diretor é réu em um processo que corre na Justiça do Rio de Janeiro, sob acusação de improbidade administrativa. A denúncia foi oferecida pelo Ministério Público Federal, que alegou que Vasques fez uso indevido do cargo em benefício eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro. "Eu sou um cidadão. Nunca cometi crime eleitoral. Usei o meu celular, minha rede social, no meu horário de folga", disse.

"Inclusive há muitos questionamentos como ‘por que o senhor tem foto com o presidente na ação no RJ?’ Porque foi o único que deixou bater a foto. Nenhum outro presidente autorizou a gente a bater foto. Como eu ia ter foto com outro presidente? Qual o orgulho para um servidor público, para um policial? [O presidente da República] é o maior comandante das polícias. Qualquer presidente, o atual também é. Todos foram. É um orgulho para a gente levar uma foto do presidente, a gente se emociona. Mas, infelizmente, ele foi o único que dava essa autorização", afirmou o ex-diretor.

Silvinei comentou que recebeu algumas ligações de Bolsonaro, mas todas para tratar de serviços públicos, principalmente quando o ex-presidente ia às ruas ou para pedir melhorias à carreira de policial rodoviári federal. "Eu não tenho nenhuma relação íntima com o [ex-]presidente da República e quando falei com ele pessoalmente em algumas vezes foi para pedir reestruturação [de carreiras], um orçamento maior. Foram essas as conversas, a gente não tinha nada mais do que isso."

Depoimento de Silvinei Vasques

Vasques foi convocado a prestar esclarecimentos na CPMI sobre o suposto direcionamento da corporação na região Nordeste no dia do segundo turno das eleições. Na primeira fala ao colegiado, ele apresentou um dossiêcom mais de 300 páginas sobre a atuação da polícia e afirmou que a corporação sofreu "maior injustiça já realizada na história".

"Não é verdade que as operações tenham sido direcionadas. Lembrando que as polícias trabalham com georreferenciamento e estatísticas. Então, o Nordeste tem o maior efetivo, a maior rede viária, a segunda maior frota de ônibus e vans do Brasil. No Nordeste também é onde, infelizmente, se ocorreu a maior quantidade de prisões sobre crimes eleitorais nas últimas cinco eleições e a maior apreensão de armas de fogo", afirmou.

Ele desmentiu um relatório do Ministério da Justiça, divulgado em abril, que constatou três desvios de padrão relacionados à atuação da PRF no segundo turno das eleições presidenciais. Segundo o ministério, foram fiscalizados 2.185 ônibus no Nordeste, no dia 30 de outubro do ano passado. Na Região Centro-Oeste foram 893 ônibus; na Região Sul, 632; na Região Sudeste, 571; e na Região Norte, 310.

No entanto, segundo Silvinei as operações da PRF no dia do segundo turno não prejudicaram as eleições. "Não existe nenhum brasileiro que deixou de votar nas eleições por causa das abordagens dos policiais rodoviários federais, nenhum ônibus foi apreendido", disse.


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