Vereadora é cassada por "dancinha" e vídeos polêmicos no Rio Grande do Sul

Vereadora é cassada por "dancinha" e vídeos polêmicos no Rio Grande do Sul

Camila Oliveira, de Montenegro, diz que não cometeu crime e questiona nomeação de defensor

Felipe Nabinger

Camila gravou vídeos com duas jovens nas dependências da Câmara de Montenegro.

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Após participar de vídeos polêmicos e criticados por adversários políticos, Camila Oliveira (Republicanos) teve o mandato de vereadora de Montenegro, no Vale do Caí, cassado pelos demais colegas por quebra do decoro parlamentar, na manhã desta segunda-feira.

O julgamento do processo de impeachment, que tramita desde o último mês de outubro, após a repercussão de “dancinhas” no Tik Tok de músicas com conteúdos considerados misóginos, foi marcado por uma série de interrupções e culminou com perda do mandato da parlamentar, além da cassação de seus direitos políticos por oito anos.

Marcado para iniciar às 9h, o julgamento foi marcado por interrupções. Primeiro pela renúncia do advogado de defesa da vereadora Jorge Fernandes. Após, houve um impasse, pois o segundo advogado nomeado por Camila, assim como a própria, não compareceu.

Um terceiro advogado, Mateus Almeida, foi nomeado pela Câmara. Ele pediu tempo para inteirar-se dos autos, o que gerou nova interrupção.

O que diz Camila

Procurada, Camila questionou a nomeação do defensor com o qual “não trocou uma palavra”, entendendo que não foi lhe dado o devido direito à defesa. Ela afirma que estuda com seus representantes ações jurídicas pois, segundo a parlamentar, cabe recurso.

“Já era esperado que cassariam meu mandado. Fui perseguida por defender pautas conservadoras, ter perfil conservador e apoiar um candidato conservador”, disse Camila, que apoiou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato derrotado nas últimas eleições presidenciais.

Ela defende não ter cometido crimes e que a ideia de gravar os vídeos partiu de duas adolescentes que a visitaram na sede do Legislativo Municipal. Questionada se achava a letra da música usada no vídeo de cunho ofensivo, ela diz que, neste caso, não deveria ser ela punida e sim o autor da música.

Camila ainda afirma que há discriminação não só a ela, mas à música por ser um funk, estilo musical que é "patrimônio cultural brasileiro", conforme enfatiza.

O vereador suplente Cristian Souza (Republicanos) foi empossado logo após a decisão. Nas últimas eleições, Camila concorreu a uma vaga na Assembleia Legislativa, ficando como décima suplente de deputado estadual.

Os vídeos polêmicos

Em meio ao segundo turno das eleições, a vereadora Camila Oliveira publicou dois vídeos gravados nas dependências da Câmara dos Vereadores de Montenegro. Ao lado de duas jovens, em um deles ela dança uma versão da música “Baile de Favela” chamada "Proibidão do Bolsonaro". A paródia é de autoria de Tales Volpi, o MC Reaça, morto em 2019.

A letra fala, entre outras coisas, em "superioridade" de mulheres de direita. Nesta postagem, elas seguram um quadro com foto do ex-presidente e a bandeira do Brasil. O outro vídeo classifica petistas como “vagabundos”.


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