Vetos de Dilma à mudança nos royalties do petróleo foram incisivos

Vetos de Dilma à mudança nos royalties do petróleo foram incisivos

Presidente recusou 23 artigos, mais do que ministros haviam revelado na sexta-feira

AE

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De forma mais incisiva que seu antecessor, a presidente Dilma Rousseff barrou a alteração na distribuição de royalties do petróleo de áreas já licitadas, deixando expresso o entendimento de que a mudança violaria a Constituição. Os 23 vetos parciais ao projeto foram divulgados nesta segunda-feira, com mais restrições do que ministros haviam revelado anteriormente. Além de considerar como "direito adquirido" o atual tratamento especial a Estados e municípios produtores, a presidente afirmou que congelar receitas seria "desvirtuar" a proporcionalidade entre exploração e compensação.

A maioria dos vetos deriva da decisão de barrar o artigo da lei que tratava da distribuição de recursos das áreas já concedidas. Na justificativa desse posicionamento, a presidente afirma a inconstitucionalidade de se alterar as regras sobre os campos já licitados. Para a presidente Dilma, as mudanças aprovadas pelo Congresso "violam frontalmente" o artigo da Constituição que garante o "direito adquirido" e o "ato jurídico perfeito". Outro argumento usado, é que na expectativa destes recursos, Estados e municípios produtores já utilizaram a receita por meio de antecipações e securitizações.

O tom do governo também foi duro nos outros vetos. Sobre o congelamento das receitas dos produtores em patamares de 2011 a presidente sustenta o veto no conceito de que royalties é compensação. "Ao determinar um teto de receita, os dispositivos desvirtuam tal sistemática constitucional de proporcionalidade entre a exploração e a compensação".

A presidente derrubou, ainda, trecho que procurava excluir os produtores da partilha dos recursos que são destinados a todos os Estados e municípios afirmando que não se pode "obrigar os Estados e Municípios a renunciarem a direito constitucional originário para participar da distribuição do Fundo Especial destinado a todos os entes federados".

As justificativas de Dilma são mais veementes do que as apresentadas por Lula quando vetou a chamada Emenda Ibsen Pinheiro, que dividia os recursos entre todos pelos critérios do fundo participação sem qualquer proteção aos produtores. Lula, em 2010, não falou em inconstitucionalidade. Questionou a clareza da proposta e usou como argumento para o veto que a consequência "poderia ser uma alta litigiosidade entre os diversos atores".

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) classificou como "substantivo" o veto de Dilma. Ele destacou que, caso os não produtores derrubem o veto da presidente, a disputa no Supremo Tribunal Federal (STF) teria o reforço do Palácio do Planalto. Os representantes dos chamados Estados não produtores estudam como reverter a decisão do governo, se por meio da derrubada do veto ou por alteração na MP que será editada.


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