Viagem de Lula à China busca estreitar relação do Brasil com seu principal parceiro comercial

Viagem de Lula à China busca estreitar relação do Brasil com seu principal parceiro comercial

Comitiva quer mostrar a importância do país asiático, responsável por pagar R$ 469,3 bilhões em 2022 por exportações brasileiras

R7

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarcou nesta terça-feira para a China com a esperança de estreitar as relações com a segunda maior economia do planeta, que ocupa o posto de principal parceiro comercial do Brasil. A comitiva da viagem é formada por políticos e empresários em busca de parcerias.

Somente em 2022, a balança comercial brasileira com a China foi positiva em R$ 150,7 bilhões (US$ 28,7 bilhões), resultado da exportação de R$ 469,3 bilhões (US$ 89,4 bilhões) e da importação de R$ 318,7 bilhões (US$ 60,7 bilhões). Entre os produtos mais negociados com os chineses, destacam-se a soja em grão, o minério de ferro, os óleos brutos e a carne bovina fresca, refrigerada ou congelada, segundo dados do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços).

Para Rodrigo Fernando Gallo, professor de política e relações internacionais do Instituto Mauá de Tecnologia, a viagem diplomática ajuda a aprofundar as relações com o país que responde pelo maior fluxo de comércio exterior com o Brasil. “É essencial manter um bom vínculo com o governo chinês e com autoridades de diversos setores, porque, de alguma forma, também temos uma importância significativa para a China em áreas essenciais, como a agricultura. E, dado o projeto de inserção internacional de Pequim, é importante nos mantermos próximos da China nessa conjuntura”, destaca Gallo.

Leandro Barcelos, gerente de comércio internacional da BMJ Consultoria, observa que Lula ambiciona a conquista de apoio para pautas prioritárias do novo governo, com foco nas áreas de agricultura, ciência e tecnologia e semicondutores. "Certamente, a visita também procura assegurar a China da percepção de que o Brasil é um parceiro confiável e estável", afirma Barcelos ao citar os encontros previstos com o presidente Xi Jinping e o primeiro-ministro chinês, Li Qiang. "É de se supor que há muitos interesses, principalmente para o setor de agronegócios, historicamente e economicamente importante para o Brasil e que responde por uma parcela significativa do PIB (Produto Interno Bruto)", reforça o professor de relações internacionais do Instituto Mauá.

A primeira conquista da viagem ocorreu antes mesmo da chegada de Lula no país asiático, com o fim do embargo imposto contra a importação da carne bovina brasileira. A liberação foi anunciada pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que já está no país asiático, destino de 60% das exportações brasileiras de carne bovina no ano passado. "A suspensão das exportações [de carne bovina] impactou negativamente o setor. A retomada é fundamental para o país continuar como um importante fornecedor de proteína animal para o mercado chinês", afirma Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, empresa especializada na assessoria para o comércio exterior.

Comitiva

O tamanho da comitiva do governo, formada por mais de 100 empresários, a caminho da China evidencia a importância das relações bilaterais entre brasileiros e chineses. Para Gallo, levar tantos nomes de setores significativos para os dois países pode ser uma "forma de cortejar os chineses e mostrar simbolicamente o quanto eles são importantes". "O número tem impacto e pode abrir mais portas no futuro. Dificilmente uma comitiva tão grande seria enviada a um país menos presente no comércio exterior brasileiro ou com quem não tivéssemos enfrentado problemas recentemente", afirma Gallo.

Barcelos avalia que a comitiva reflete os temas prioritários das trocas comerciais bilaterais, tais como comércio, investimentos, reindustrialização, transição energética e cooperação tecnológica. "A previsão da duração de três dias da viagem reflete a necessidade de tempo para apreciação e discussão de uma extensa e aprofundada pauta que requer a participação de mais de 100 pessoas", destaca o gerente de comércio internacional.


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