Volkswagen foi cúmplice da ditadura no Brasil, diz imprensa alemã

Volkswagen foi cúmplice da ditadura no Brasil, diz imprensa alemã

Caso veio à tona em 2015 com ação de ex-funcionários que acusaram a empresa alemã de permitir perseguição e tortura

AFP

Caso veio à tona em 2015 com ação de ex-funcionários que acusaram a empresa alemã de permitir perseguição e tortura

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Já suspeita de ter tolerado as ações dos militares durante a ditadura no Brasil, a Volkswagen agora é acusada de ter colaborado ativamente na denúncia de opositores, de acordo com uma reportagem investigativa revelada nesta
segunda-feira pela imprensa alemã.

A montadora alemã "não somente colaborou com o regime militar, como era um ator autônomo da repressão. Um bom cúmplice", afirma o jornal "Süddeutsche Zeitung". O jornal, que conduziu sua reportagem em colaboração com os canais públicos de televisão NDR e SWR, diz ter consultado "documentos da investigação em curso em São Paulo contra a subsidiária brasileira da Volkswagen" e outros documentos "internos" da companhia relativos ao período da ditadura militar no país (1964-1985).

O caso veio à tona em setembro de 2015, quando ex-funcionários da empresa alemã e militantes entraram com uma ação no Brasil, acusando a Volkswagen de permitir a perseguição e a tortura de funcionários que se opunham ao regime militar. Segundo eles, 12 funcionários da montadora foram presos e torturados na fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo. A empresa também é acusada de ter elaborado "listas negras" de opositores da ditadura.

Após essas novas revelações, a companhia alemã afirmou que "aguardará o relatório final e seus resultados antes de comentar o assunto e se concentrar nas medidas a serem tomadas". Em novembro de 2016, o grupo alemão confiou a um historiador independente a tarefa de examinar seu papel na ditadura. Os resultados da investigação do professor Christopher Kopper, da Universidade de Bielefeld (norte), são esperados para o final do ano.

O passado da Volkswagen já é assombrado pela história da empresa sob o regime nazista. Durante a Segunda Guerra Mundial, a fabricante alemã recorreu ao trabalho forçado de prisioneiros de guerra e de campos de concentração. Um prejuízo que a empresa tenta reparar. Em 1990, criou um fundo de indenização aos trabalhadores forçados e deu a historiadores acesso a seus arquivos para exumar o passado obscuro.

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