Votação de urgência do novo marco fiscal servirá como termômetro na Câmara

Votação de urgência do novo marco fiscal servirá como termômetro na Câmara

Base do governo combinou não propor novas emendas sem consenso entre os líderes; oposição articula fazer destaques

R7

Texto foi aprovado com 312 votos a favor e 144 contra

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A Câmara dos Deputados vota nesta quarta-feira (17) a urgência do projeto sobre o novo marco fiscal do governo federal. O resultado servirá como um termômetro para a base aliada do avaliar se é possível sugerir mudanças no texto ao longo da semana e, ainda assim, garantir maioria para aprovação. O acordo feito entre as lideranças do governo e o relator do projeto, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), é para que não sejam apresentados destaques e emendas em plenário no momento da votação.

Para que haja qualquer alteração, as sugestões serão discutidas em conjunto e só oficializadas após negociação entre líderes. "Sugerir mudanças é sempre possível. Há preocupações sobre o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), sobre o piso da enfermagem. Mas nenhuma mudança vai ser feita sem que haja amplo acordo, o que não envolve só a bancada do PT, mas todos os partidos da base do governo e os que não são", indicou o líder do PT na Câmara, deputado Zeca Dirceu (PR), garantindo que todos os integrantes do partido seguirão esse acordo.

Por parte da oposição, no entanto, a tendência é de os deputados peçam destaques de trechos para votação em separado. Parte da bancada do PL planeja apresentar emendas ao texto, sobretudo no sentido de buscar a criminalização aos gestores que não cumprirem com as metas fiscais.

"Vamos votar contra o mérito e apresentar emendas também", indicou o líder da oposição, deputado Carlos Jordy (PL-RJ). O parlamentar reconhece o esforço do relator em busca do equilíbrio, mas defende a manutenção do teto de gastos para que não haja uma "licença para gastar".

A reportagem apurou, no entanto, que outra parte da bancada do PL não é contra o projeto e já sinalizou votar a favor do relatório, com destaques. Mesmo que a legenda vote 100% contra o projeto, os 99 votos dos deputados do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro não representam um entrave para a aprovação, desde que haja consenso entre os partidos de governo e independentes.

A expectativa do relator é por uma aprovação por "maioria substancial". "Gostaria que fosse a mesma votação que o presidente Arthur Lira teve na eleição, 464 votos", disse Cajado, completando esperar um acordo "para que não tenha nem destaques, nem emendas e muito menos veto".

Como ficou o relatório

Para agradar o governo, foi excluído da regra do teto de gastos o aumento real do salário mínimo. Em contrapartida, Cajado criou dispositivos para obrigar os gestores a conter despesas quando houver descompasso entre os gastos e a meta fiscal. No primeiro ano de descumprimento, o governo fica proibido de criar cargos, reajustar despesas acima da inflação e criar despesas obrigatórias, por exemplo.

No segundo ano seguido de descumprimento da meta, a realização de novos concursos e aumento de salário de servidores são barrados. Os chamados "gatilhos" são medidas administrativas e não criminais, mas oferecem uma regra mais firme em relação à proposta inicial do governo, conforme demanda feita por partidos como o União Brasil e o PSD.

O relatório colocou o Bolsa Família dentro do limite geral de gastos, assim como o piso salarial da enfermagem e investimentos em estatais não dependentes. Na prática, a inclusão impede aumentar o valor do programa acima da inflação caso a meta fiscal não seja cumprida. A dinâmica vai contra o desejo da bancada do PT, que previa o Bolsa Família fora do limite de gastos, assim como a política de valorização do salário mínimo.


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