Youssef diz ter aberto mão da “taxa de sucesso” de sua delação na Lava-Jato
Defesa de Lula enviou questionamentos ao doleiro
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A defesa do ex-presidente perguntou se o doleiro recebeu algum valor desde o início da Lava-Jato, referente à taxa de 1/50 avos de todos os valores que viessem a ser recuperados nas investigações com a ajuda dele. O advogado de Lula disse que o doleiro também poderia, segundo o acordo inicial, recuperar parte de seus bens apreendidos. “Não recebi e não receberei”, afirmou o doleiro.
O advogado de Lula pediu que o documento seja incorporado ao processo. Caso a cláusula de performance tivesse sido mantida, o advogado do ex-presidente questionaria a vantagem financeira e econômica que Youssef teria ao relatar fatos vinculados ao esquema de corrupção na Petrobras. Youssef foi o segundo delator da Lava-Jato. Logo após o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa ter decidido falar sobre o esquema, o doleiro também firmou acordo de delação. Não foi o primeiro acordo deste tipo que o doleiro firmou com a Justiça. Ele já havia sido delator no escândalo do Banestado e seu acordo, na época, também foi homologado pelo juiz Sergio Moro.
Youssef foi preso em São Luís do Maranhão em 17 de março de 2014, na primeira operação da Lava-Jato. Momentos antes, havia entregado R$ 1,4 milhão em propina da empreiteira UTC a um emissário de João Abreu, secretário da Casa Civil de Roseana Sarney. Em 17 de março do ano passado, o doleiro deixou a prisão, passou a cumprir prisão domiliciar e, agora, segundo ele, cumpre regime aberto. Pelo acordo inicial, caso a Justiça conseguisse recuperar R$ 1 bilhão, ele embolsaria R$ 20 milhões.
Além de imóveis e carros de luxo, a Polícia Federal ainda apreendeu R$ 1,8 milhão em espécie no escritório do doleiro em São Paulo. Entre os bens apreendidos estavam 74 apartamentos em um hotel em Aparecida, no interior de São Paulo, seis apartamentos em um hotel de luxo em Londrina, 35% das ações de um hotel em Jaú, também em São Paulo, e 50% de um terreno de 4,8 mil metros quadrados, avaliado em R$ 5,3 milhões. Ao comentar as vantagens, na época, a defesa de Youssef disse que a delação era premiada e, portanto, pressupunha vantagens a seu cliente. O acordo de delação premiada foi homologado pelo então ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, já falecido.