Zanchin é eleito presidente do MDB em evento marcado por discursos tensos

Zanchin é eleito presidente do MDB em evento marcado por discursos tensos

Em convenção estadual para a troca do comando partidário, Alceu Moreira faz críticas a Gabriel Souza, vice fala que ódio torna as pessoas más, e Melo critica ‘ditadura do Judiciário’​​​​​​​

Flavia Bemfica

Fábio Branco passa comando do partido a Zanchin

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O deputado estadual Vilmar Zanchin é, oficialmente, desde a tarde deste sábado, 23, o novo presidente do diretório gaúcho do MDB. A convenção estadual do partido, realizada na sede estadual, no Centro de Porto Alegre, confirmou o nome do deputado, que já havia sido indicado em chapa única, por acordo feito entre as diversas alas da legenda. O deputado foi eleito com 390 votos, de um total de 397 (dos sete votos restantes, foram cinco nãos e dois brancos). Zanchin substitui no comando partidário o prefeito de Rio Grande, Fábio Branco.

Em sua manifestação, após a confirmação dos números, o deputado conclamou os correligionários à unidade. "Faremos uma gestão ouvindo a todos. O sucesso do partido será compartilhado por todos, mas as metas estabelecidas também. Essas manifestações, às vezes antagônicas, fazem parte da vida partidária”, avaliou.

A manifestação conciliatória ocorreu após falas em que as posições divergentes existentes dentro da legenda foram evidenciadas nos discursos do deputado federal e presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Alceu Moreira, do vice-governador Gabriel Souza, do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, e do secretário estadual de Logística e Transporte, Juvir Costella.

Moreira foi o primeiro a discursar, antes de as lideranças presentes comporem o palco, e fez críticas contundentes, endereçadas a Gabriel, e a forma como ele foi definido vice-governador na chapa de Eduardo Leite (PSDB) em 2022. Ao final, questionou se o partido será comandado “de fora”, “do Palácio”, para as próximas disputas eleitorais. Após a manifestação, o deputado se retirou do evento.

Melo fez uma fala marcada por frases de efeito identificadas com o bolsonarismo, entre as quais aquela em que disse que a pior ditadura “é a do Judiciário”. Colocou-se como de oposição “ao PT”, mas assinalou sua presença no evento com o presidente Lula na Capital, em 15 de março, que descreveu como parte da política feita democraticamente.

Costella foi o primeiro a rebater Moreira. Segundo ele, a disputa interna ocorrida em 2022 para a definição sobre se o partido devia ter candidato próprio é assunto encerrado. “Somos governo. Chega dessa história, acabou. Sempre vem um tocar na ferida, dar mais uma cutucadinha. E tem gente com cargo. Se não é governo, sai, pede demissão. Se eu ouvir essa lorota de novo, então estou no lugar errado.”

Gabriel fez um discurso mais ameno, mas também rebateu as críticas, e as avaliações de que o partido encolheu no Parlamento devido ao fato de não ter apresentado um candidato ao Piratini. “Quero falar de unidade com rumo. Não vim responder a ataques explícitos de ódio. Primeiro, porque para ser vice-governador, ou governador, você tem que ter inteligência e estabilidade emocional. E não respondo porque o ódio exalado, inoculado, alimentado, com rancor, ele acaba fazendo muito mais mal para quem o carrega do que para quem seria o destinatário. O ódio nos faz pessoas más, ruins, amargas, e acaba tomando conta da gente.”

Após as manifestações, Zanchin assinalou, em seu discurso, que “partido é convivência, lealdade e apoio recíproco." Ele afirmou que a prioridade absoluta do MDB será a reeleição de Melo em Porto Alegre, adiantou a importância do período que antecede as eleições municipais em todo o RS, e projetou os debates a serem feitos sobre o pleito de 2026.

Como ficou a nova executiva do MDB

Presidente: Vilmar Zanchin

1º Vice-presidente: José Fogaça

2ª Vice-presidente: Patrícia Alba

3º Vice-presidente: Márcio Biolchi

Secretário-geral: Giovani Feltes

Secretário adjunto: João Francisco Parenti (Fifo)

1º Tesoureiro: Carlos Antônio Búrigo

2ª Tesoureira: Maria de Lourdes Sprenger


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