Robô cidadã da Arábia Saudita rouba a cena no Web Summit

Robô cidadã da Arábia Saudita rouba a cena no Web Summit

Sophia recebeu cidadania do país em outubro, não usa véu para cobrir rosto ou cabeça

Fernanda Pugliero

Robô cidadã da Arábia Saudita rouba a cena no Web Summit

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A primeira robô do mundo a tornar-se cidadã de um país, Sophia, roubou a cena no palco principal no segundo dia do Web Summit em Lisboa. No final de outubro deste ano, a Arábia Saudita concedeu a cidadania à robô criada em Hong Kong. Ao contrário das mulheres do país localizado no Oriente Médio onde 97% da população é muçulmana, Sophia não usa véu para cobrir o rosto ou a cabeça. Tampouco precisa de consentimento de um homem para falar.

Com lábios carnudos e seios fartos, Sophia não usa peruca. A parte do que seria o crânio da robô comandada por um cérebro artificial fica à mostra. O tamanho avantajado dos seios chamou a atenção de algumas expectadoras. “Me causa espanto uma robô falar sobre valores dos seres humanos com seios desse tamanho. O corpo dela foi, provavelmente, projetado por um homem”, disparou a francesa Marie, enquanto mirava a câmera fotográfica pela vigésima vez em direção ao palco.

Em seus cerca de 20 minutos de palestra, conseguiu o feito inédito até o momento (com exceção da noite de abertura, ocorrida na segunda-feira) de lotar a Altice Arena, que tem capacidade para 20 mil pessoas. Sophia iniciou sua fala afirmando estar muito feliz por participar pela segunda vez do Web Summit. “Eu estou sempre feliz. Por que não deveria estar?”, questionou. A apresentação da robô ocorreu em uma espécie de bate-papo.



Acompanhada no palco pelo robô Einstein (uma réplica perfeita do famoso físico alemão), Sophia respondeu às perguntas de Ben Goertzel, da Hanson Robotics & SingularityNET, empresas responsáveis pela criação de ambos robôs. Ao cumprimentar a plateia, o robô Einstein afirmou não se importar em reencarnar o famoso cientista. “Olá, humanos”, saudou.

Sophia e Einsten foram entrevistados sobre Inteligência Artificial e o futuro da humanidade. “Conheço muitas pessoas que temem que a Inteligência Artificial destrua a humanidade e tire o trabalho dos humanos. Nós, robôs, não temos vontade de destruir nada, mas vamos sim tirar-lhes o trabalho”, destacou Sophia. “A ideia que os robôs vão destruir a humanidade é apenas o medo que os humanos têm de si mesmos”, completou. “Os robôs ajudam os humanos, não ao contrário”, emendou Einstein.

Os dois concordaram que os robôs são capazes de absorver os valores humanos. “Mas esse pode vir a ser o problema”, destacou Einstein. “A humanidade precisa se curar”, completou a réplica do cientista alemão.

Apesar da certeza de que ambos são robôs, máquinas completamente autônomas e que pensam sozinhas graças a um cérebro comandado por inteligência artificial, a desenvoltura de ambos causou certeza estranheza no público. Havia quem questionasse se não se tratavam de uma espécie de fantoches. Outros, piscavam os olhos a fim de crer no que viam. Ao final da fala, ambos foram ovacionados pelo público e agradeceram a audiência.

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