Agricultores familiares pedem reunião com ministros

Agricultores familiares pedem reunião com ministros

Objetivo é aproveitar vinda de força-tarefa criada para tratar de apoio a municípios afetados por enchentes para discutir socorro ao setor leiteiro

Patrícia Feiten

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Lideranças de produtores familiares estão solicitando ao governo federal uma reunião separada com os ministros que virão ao Rio Grande do Sul na próxima quarta-feira (27) para tratar de ações de socorro aos municípios afetados pelas enchentes. Segundo o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva, a finalidade do encontro – proposto pela entidade, pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf-RS) e pela Via Campesina – é cobrar medidas “fortes” para o setor leiteiro, que há meses reclama das dificuldades causadas pelo aumento das importações de lácteos e teve seus prejuízos agravados com a passagem do ciclone extratropical no Estado.

Desde as chuvas que castigaram principalmente o Vale do Taquari no início deste mês, o governo federal já atendeu a alguns pedidos dos produtores rurais, como a distribuição de cestas básicas, um plano para a construção de moradias e a abertura de chamada pública, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), para a compra de 1,8 mil toneladas de leite em pó no Rio Grande do Sul. Para enfrentar a concorrência dos lácteos importados da Argentina e do Uruguai, que entram no país a preços inferiores aos produzidos localmente, o setor defende uma política de subvenção temporária para o leite. “Entendemos que o leite atende a região do ciclone, mas (abrange) o Estado todo, tem de ter um alinhamento melhor por parte do governo. A gente espera que na quarta-feira eles venham para cá com propostas. Os produtores estão desesperados”, diz Carlos Joel.

Segundo a Fetag-RS, uma mobilização estava prevista para a próxima quarta, mas foi cancelada em razão da visita ministerial, anunciada no feriado. Caso não sejam atendidos, os produtores voltarão às ruas, em conjunto com entidades do setor no Paraná e em Santa Catarina, no dia 10 de outubro, ou mesmo antes dessa data. “Não estamos parando a mobilização, só trocando de dia, dependendo do que vier de resposta (na quarta)”, ressalta Carlos Joel.

Além de subsídios temporários e medidas para frear as importações de leite e derivados, os pecuaristas pedem ao governo a renegociação de dívidas de financiamentos rurais, observa o coordenador da Fetraf-RS, Douglas Cenci. Na reunião com os ministros na quarta, se confirmada, a entidade também deve solicitar que os representantes dos produtores sejam incluídos do grupo de trabalho interministerial que definirá uma política nacional do leite. Anunciado na terça (19) pelo Planalto, o grupo será constituído por decreto presidencial. “Seria fundamental que o setor também pudesse ser ouvido, para construir essas medidas e para que o governo possa fazer ações acertadas, que venham ao encontro da necessidade dos agricultores”, afirma Cenci.


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