Agro formaliza 360 mil empregos em três anos

Agro formaliza 360 mil empregos em três anos

Pesquisa da FGV, que considera período de 2019 a 2022, indica que setor chegou a 40,1% de postos de trabalho com carteira assinada

Patrícia Feiten

Além de aumentar a formalização, setor segmento 15,47 mil contratos de trabalho sem registro em carteira

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Apesar de todas as turbulências vivenciadas na economia entre 2019 e 2022 – pandemia de Covid-19, quebras de safra no Brasil e guerra na Ucrânia –, o agronegócio observou uma forte substituição de trabalhadores informais por profissionais com carteira assinada. No período, os segmentos de agropecuária e agroindústria criaram 359,6 mil empregos formais e encerraram 15,47 mil postos sem registro. Os dados são de um levantamento feito pelo Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getulio Vargas (FGV Agro) com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De 2019 para 2022, a taxa de formalidade no agronegócio passou de 38,4% para 40,1%, o maior percentual da série histórica da PNAD-C, iniciada em 2016. Ao final do ano passado, 13,96 milhões de pessoas trabalhavam em atividades ligadas ao setor no país. Segundo o pesquisador Felippe Serigatti, coordenador do estudo, os dados mostram que o chamado “universo agro” brasileiro teve forte impacto no desenvolvimento econômico. “De um lado, tem conseguido incorporação de tecnologia, melhoria na gestão dos seus processos, aumentar a produtividade. O tipo de trabalho que o setor acaba gerando tem muito mais uma característica de mão de obra qualificada”, diz.

Esse aumento de produção, explica o pesquisador, tem um efeito indireto na geração de renda em outros setores, aumentando principalmente a demanda do setor de serviços. “A gente observa que, na região em que o agro é predominante, ele aqueceu o mercado de trabalho associado a ele. E aumentou também a remuneração e a formalização (dos trabalhadores) ”, afirma Serigatti.

Com exceção dos setores de biocombustíveis e fumo, todo o universo agro (no segmento de agroindústria, é incluída também a produção de itens não alimentícios) ficou mais formal, mostra o levantamento. A expansão acumulada do emprego foi puxada pelo crescimento da população ocupada nos segmentos da agropecuária e da agroindústria, de 2,8% e 2,1%, respectivamente. Nos demais setores (4%, em média), o avanço foi maior do que no agro como um todo, porém, devido ao aumento da contratação de informais.

No caso da agropecuária, pesou no crescimento dos postos o avanço de agricultura (5,7%), que chegou a uma taxa de formalidade de 23,5% em 2022 – a maior já registrada pelo segmento desde 2016. Embora esse percentual possa sugerir que o grau de informalidade no segmento ainda é elevado, o estudo do FGVAgro observa que, em sua grande maioria, os produtores rurais brasileiros são classificados como informais, por serem profissionais “por conta própria”, mas sem CNPJ. “O nosso universo agro é um mar de CPFs, não de CNPJs”, destaca Serigatti.

Na pecuária, houve queda de 2,4% nos empregos, por conta, exclusivamente, da forte redução dos informais (-3,9%). Entre os formais, assim como na agricultura, ocorreu aumento (3,2%). A taxa de formalidade da pecuária aumentou de 21,4% para 22,6%, mas ainda ficou abaixo do recorde do segmento, de 24,1%. Na agroindústria, o número de ocupados aumentou 2,1% entre 2019 e 2022, com expansão de 6,4% nos trabalhadores formais e retração de 5,8% nos informais. A taxa de formalização do setor, em 2022, era de 67,8%.


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