Agro gaúcho aprova Carlos Fávaro no comando da Agricultura

Agro gaúcho aprova Carlos Fávaro no comando da Agricultura

Após coordenar trabalho com o setor no governo de transição, senador do PSD-MT era um dos mais cotados para assumir a pasta

Patrícia Feiten

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Representantes do agronegócio gaúcho receberam com otimismo, ainda que moderado, a indicação do senador Carlos Fávaro (PSD-MT) para o comando do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). O nome do parlamentar foi confirmado ontem pelo presidente diplomado da República, Luiz Inácio Lula da Silva, após uma das disputas mais acirradas para o primeiro escalão do novo governo. Fávaro é produtor rural, coordenou o grupo técnico da Agricultura na equipe de transição e era o mais cotado para assumir a pasta.

O presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (FecoAgro-RS), Paulo Pires, destacou que, embora seja ligado ao agronegócio, Fávaro precisará olhar para as particularidades do setor na Região Sul, o que inclui o sistema cooperativista. Segundo ele, o futuro das atuais políticas públicas para o setor gera apreensão. “A gente tem muito medo que o Brasil comece a taxar o que está dando certo”, disse o dirigente, citando o caso da Argentina, que, nos últimos anos, elevou impostos sobre a exportação de produtos agrícolas. “O governo (eleito) aumentou 13 ministérios. Tomara que a questão de arrecadação não prevaleça sobre o incentivo à produção”, comentou.

O peso dos impostos também foi mencionado pelo presidente da Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho. A entidade, segundo ele, continuará buscando a valorização do setor orizícola gaúcho, que representa 70% da produção nacional. “Por ele (Fávaro) ser do setor, temos a expectativa de que (possa) se inteirar da situação da cultura do arroz, que passa dificuldades em função dos custos de produção e da baixa rentabilidade, o que vem tirando produtores da atividade e levando para outras culturas, como soja e milho, e também para a pecuária”, contextualizou Velho.

O presidente do Instituto Desenvolve Pecuária, Luis Felipe Barros, destacou que Fávaro foi relator do Projeto de Lei (PL) 510/2021, que trata da regularização fundiária em terras da União. A proposta aguarda análise do Senado e é defendida pelo setor. Barros também vê como positivo o fato de o senador ter apoiado o registro de novos defensivos agrícolas, mas teme medidas no sentido de taxação de exportações. “Também nos causa preocupação o fato de o ministro nunca ter se posicionado em relação à pecuária do Brasil”, disse.

Para o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva, Fávaro traz a expectativa de investimentos em programas voltados aos pequenos agricultores. “Ele é do ramo, conhece o setor e tem diálogo”, avaliou. Joel observa que, com a recriação do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a pasta deve contemplar as demandas da agricultura familiar. “Mas muitas das políticas continuarão no Mapa Vai precisar (haver) um bom trânsito entre o MDA e o ministro da Agricultura”, reforçou.

Parlamentar atua em prol do agronegócio

Natural de Bela Vista do Paraíso (PR), Carlos Fávaro, 53 anos, é representante de Mato Grosso no Senado, com mandato vigente até 2027. Como figura pública, ganhou destaque ao presidir a Associação dos Produtores de Soja e Milho de MT (Aprosoja/MT) de 2012 a 2014.

Neste ano, porém, após endossar a chapa Lula-Alckmin, foi rejeitado pela entidade. Em nota divulgada em novembro, a Aprosoja-MT afirmou que, “ao apoiar as políticas do Partido dos Trabalhadores (PT)”, Fávaro apoiaria invasões de propriedades privadas. No Congresso, Fávaro é atuante em pautas ligadas ao agro, apesar de não compor a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Ele também foi vice-governador de Mato Grosso de 2015 a 2018.


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