Agronegócio gaúcho exportou 7,1% a menos no terceiro trimestre

Agronegócio gaúcho exportou 7,1% a menos no terceiro trimestre

Favorecida pelo aumento nos preços médios dos itens exportados, receita de embarques no acumulado do ano indica estabilidade

Patrícia Feiten

publicidade

As exportações do agronegócio do Rio Grande do Sul somaram 4,5 bilhões de dólares no terceiro trimestre de 2022, uma redução de 7,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar do recuo, este foi, em termos nominais, o melhor placar da série histórica do levantamento, iniciada em 1997, atrás apenas dos números registrados para esse período em 2021 – a maior marca já atingida pelo setor – e em 2013. Os dados são do boletim Indicadores do Agronegócio do RS, divulgado nesta quinta-feira (10) pelo Departamento de Economia e Estatística da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG).

Segundo o pesquisador Sérgio Leusin Jr, um dos responsáveis pelo estudo, a queda no terceiro trimestre deste ano era esperada e reflete, ainda, os efeitos da estiagem ocorrida no Estado, que prejudicou a safra de soja e diminuiu a oferta da oleaginosa – as vendas do complexo soja (que inclui grãos, farelo e óleo) despencaram 27,6% frente ao terceiro trimestre de 2021, totalizando 2,1 bilhões de dólares. De maneira geral, porém, o aumento de 33,6% nos preços médios pagos por todos os produtos gaúchos exportados compensou a redução de 30,5% no volume total de embarques. “Então, em termos nominais, é um valor bem significativo exportado no terceiro trimestre”, avalia Leusin Jr.

Para o pesquisador, os números são surpreendentes quando se analisa o desempenho acumulado no ano. De janeiro a setembro de 2022, as exportações do agronegócio chegaram a 11,6 bilhões de dólares, um avanço de 0,1% em relação ao registrado no mesmo período de 2021. Essa estabilidade, mesmo após os estragos da estiagem, foi possível graças a recordes alcançados em vários segmentos, como os de cereais, farinhas e preparações, que exportou 177% a mais (1,29 bilhão de dólares) na mesma base de comparação, impulsionado pelos embarques de trigo. As exportações do cereal saltaram 482% na mesma base de comparação, atingindo 736,8 milhões de dólares.

Outro salto foi verificado nas exportações de carnes, que tiveram o melhor resultado acumulado de toda a série histórica (2 bilhões de dólares; +14,4%), puxadas pelas carnes de frango (1,1 bilhão de dólares; +30,5%) e bovinas (340,7 milhões de dólares; +46,2%). No setor de fumo, a receita dos embarques de janeiro a setembro foi a maior desde 2013 (1,4 bilhão de dólares; +65,2%). Também apresentaram crescimento as vendas de produtos florestais (1,24 bilhão de dólares; +16,1%) e de máquinas e implementos agrícolas (392,8 milhões de dólares; +41,2%).

Embora os embarques nos nove primeiros meses do ano tenham sido 19,3% menores em termos de volume, os preços médios dos produtos exportados subiram 24%, destaca Leusin Jr. “Há uma série de fatores que estão criando um cenário de incerteza e acabam empurrando os preços”, explica o pesquisador, citando a guerra entre Rússia e Ucrânia e problemas climáticos enfrentados por países como China, Paquistão e Índia, que vêm impactando os estoques globais de grãos. Esse contexto pode favorecer as exportações do Rio Grande do Sul no próximo trimestre de 2022. “Não há nada que indique que esses preços vão baixar. Então, esse movimento pode servir para atenuar a queda (nas exportações do agro) prevista para o ano”, afirma Leusin Jr.

 

 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895