Agronegócio responde por 27% da população ocupada no país

Agronegócio responde por 27% da população ocupada no país

Boletim do mercado de trabalho indica que setor tinha 28,1 milhões de pessoas ocupadas no primeiro trimestre


Correio do Povo

Aumento da população ocupada do agronegócio foi puxado por empregados com carteira assinada e por mulheres

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O mercado de trabalho no agronegócio no primeiro trimestre deste ano contabilizou 28,1 milhões de pessoas ocupadas, maior número para o período da série histórica iniciada em 2012. A participação do setor no total de ocupações do Brasil alcançou 27%, igualando-se à de 2020 e sendo a menor do período histórico. No período, a população ocupada no setor cresceu 0,9% frente ao mesmo período de 2022, o equivalente a 237 mil pessoas. As informações constam de boletim com nova metodologia aplicada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). 

O aumento de empregos no setor foi decorrente do maior contingente ocupado nos agrosserviços, com 6,7% de incremento (616 mil pessoas). Conforme o Cepea, isso reflete o desempenho da produção agrícola dentro da porteira, já que as safras recordes devem se traduzir na expansão dos serviços de transporte, armazenagem, comércio e outros. Em sentido inverso, houve redução de 456 mil pessoas na população ocupada da agropecuária entre os primeiros trimestres de 2022 e 2023 (-5,2%). As principais quedas ocorreram em “outras lavouras”, cultivo de cereais (arroz, trigo e outros), horticultura, laranja, fumo, bovinos e “outros animais”.

Em relação ao perfil da mão de obra, na comparação entre trimestres iguais, o Cepea observou que o aumento da população ocupada do agronegócio foi puxado por empregados com carteira assinada e por mulheres. Outro ponto é a contínua tendência de trabalhadores com maior nível de instrução. O estudo mostra que, no primeiro trimestre de 2023, em comparação ao mesmo período do ano passado, os rendimentos mensais dos empregados assalariados cresceram em todos os segmentos do agronegócio, com destaques para insumos e primário agrícola. O avanço dos salários no setor (5,9%) foi pouco acima do observado na média do país (5,4%), indicando ser uma tendência geral do mercado de trabalho.

Ainda quanto aos rendimentos, na comparação dos valores reais do primeiro trimestre de 2023 e do último trimestre de 2019, antes da chegada da pandemia, o cenário para os trabalhadores do agronegócio foi favorável frente à média do país, seja para empregados, empregadores ou trabalhadores por conta própria. Conforme o estudo, o resultado deve estar conectado à conjuntura favorável vivenciada pelo setor nesse período.

O Boletim Mercado de Trabalho do Agronegócio Brasileiro é uma publicação trimestral elaborada pelo Cepea que passou a contar este ano com parceria da Confederação da CNA. O levantamento aborda aspectos da conjuntura e da estrutura do mercado de trabalho do agro, entendido como a soma dos segmentos de insumos, produção primária, agroindústria (processamento) e agrosserviços.

A partir deste ano, ajustes foram implementados pelo Cepea/CNA na série histórica do mercado de trabalho do agronegócio brasileiro. As mudanças causaram impacto expressivo nos números e, por isso, elas estão explicadas em nota no site do Cepea.  
 
Antes da mudança, o Cepea estimava o número de trabalhadores no agronegócio em 19 milhões de pessoas em 2022. Com a nova metodologia, aumentou para 28 milhões de pessoas, fazendo crescer também a participação no total do Brasil, de 19,3% para 27%. A principal alteração foi de caráter conceitual em relação ao que se entende por “pessoa ocupada”. Neste último caso, o Cepea/CNA passa a contemplar trabalhadores que atuam produzindo somente (ou exclusivamente) para o próprio consumo. Apenas por meio dessa mudança conceitual, aproximadamente 4,7 milhões de trabalhadores adicionais passaram a ser contabilizados no agronegócio ao ano.


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