Análises iniciais indicam alta qualidade para a uva

Análises iniciais indicam alta qualidade para a uva

Inverno frio, como o deste ano, é adequado ao desenvolvimento da cultura, que chega à brotação sem qualquer sinal de doenças

Nereida Vergara

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O inverno com temperaturas inferiores ao padrão da estação proporcionou às videiras uma brotação considerada excepcional pelos técnicos, o que pode indicar, se o clima se mantiver com chuvas regulares e sem a ocorrência de frio tardio, uma boa safra de uva no Rio Grande do Sul, tanto em volume quanto em qualidade. Em média, as variedades de uvas cultivadas no Estado necessitam entre 150 e 400 horas de frio para se desenvolverem adequadamente. Neste ano, segundo o enólogo do Escritório Municipal da Emater/RS-Ascar de Bento Gonçalves, Thompson Benhur Didone, muitas localidades da região produtora tiveram esta condição.

Didone ressalta que até agora praticamente inexistem relatos sobre o aparecimento de doenças, o que o leva a acreditar que os parreirais estão em ótimas condições de sanidade. O período entre a segunda quinzena de outubro e a primeira de novembro é fundamental para a cultura e não pode enfrentar excesso de chuva ou outras intempéries que possam provocar o abortamento das flores e comprometer a formação de frutos. O técnico diz que ainda é cedo para estimar um volume para a safra, mas afirma que, mantidas as condições atuais, a colheita deve ficar entre 600 e 700 milhões de quilos, podendo até superar este volume.

Felipe Bebber, enólogo e coordenador da Indicação de Procedência da Associação de Produtores dos Vinhos dos Altos Montes (Apromontes), confirma a expectativa da Emater e complementa dizendo que mais importante que a quantidade é a qualidade que as condições das videiras estão indicando. “A brotação uniforme das parreiras aponta para uma boa safra realmente, mas ainda precisamos contar com o bom comportamento do clima até o início da colheita, na primeira quinzena de janeiro”, observa.

O vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Eugênio Zanetti, que também é produtor de uvas, afirma que os vitivinicultores estão confiantes numa boa safra, mas recomenda cautela na estimativa de volume. Ele relata que o setor já esta trabalhando para fornecer ao governo os subsídios para a fixação do preço mínimo da uva, que no ano passado foi de R$ 1,10 o quilo. “Neste ano, já identificamos o custo de produção em R$ 1,34 o quilo e esperamos que o preço mínimo pelo menos empate com o custo, complementa.


Correio do Povo
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