Ano de problemas no abastecimento de milho

Ano de problemas no abastecimento de milho

Perdas estão estimadas em até 70%

Nereida Vergara

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A frustração na safra de milho gaúcha, com perdas estimadas em até 70% na produção de algumas regiões, traz grandes preocupações para o setor de aves e suínos. Na segunda-feira, de acordo o presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul, Valdecir Folador, a saca de milho no Rio Grande do Sul chegou a R$ 103,00, contra R$ 97,00 na mesma semana de 2021 e R$ 45,00 em igual período de 2020. 

“O primeiro semestre vai ser de grandes dificuldades para o suinocultor independente adquirir milho, já que o custo do grão segue em alta e o preço do quilo do suíno vem derretendo”, ressalta. Para comprovar isso, Folador diz que, enquanto o preço do grão, responsável por 68% da composição das rações dos animais, subiu mais de 100% entre 2020 e 2022, o valor do quilo do suíno vivo está praticamente estagnado, fechando em R$ 5,28 na última semana de janeiro, contra R$ 5,18 de 2020. 

A alternativa, afirma o dirigente, será a compra de milho de outros estados, como os da Região Centro-Oeste, se a safrinha de lá for bem sucedida.

O presidente executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos, lembra que, além das preocupações trazidas pela falta de milho no Rio Grande do Sul, há dúvidas sobre a aquisição em outros estados. “A ministra da Agricultura garante que teremos uma boa safra de milho. O que acontece é que o grão vai estar longe e o governo deveria dar incentivos ao produtor para poder bancar o frete sem perder a competitividade”, pontua. Santos garante que para cobrir a demanda de milho em 2022, face a quebra da safra, o Rio Grande do Sul deve buscar de 3 milhões a 3,5 milhões de toneladas de grãos em outros estados, volume superior ao déficit histórico, que é de 2 milhões de toneladas.

Hoje, as empresas que fornecem milho para o mercado gaúcho têm 400 mil toneladas de milho em estoque, informa o presidente da Associação das Empresas Cerealistas do Rio Grande do Sul (Acergs), Roges Pagnussat. Ele calcula que essa quantidade é suficiente para atender a demanda por três meses e aguardar a entrada da safrinha. “Depois a alternativa seria importar dos Estados Unidos, já que Paraguai e Argentina também enfrentam problemas”, completa.

Mesmo com o preço alto, o presidente da Associação dos Produtores de Milho do Rio Grande do Sul (Apromilho), Ricardo Meneghetti, aponta que os negócios estão parados e que os produtores que chegaram a colher alguma coisa não estão conseguindo vender os grãos. “Os compradores estão esperando para ver se o preço cai”, acredita. Meneghetti avalia ainda que a cultura do milho passou por uma “catástrofe” em 2022, com perdas de mais de 25% até mesmo nas lavouras irrigadas com pivôs.


Correio do Povo
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