Anvisa volta atrás e autoriza uso de estoque de paraquate

Anvisa volta atrás e autoriza uso de estoque de paraquate

Produtores de maçã, citrus, feijão, soja e trigo terão prazo estendido

Taís Teixeira

EPI são necessários para aplicação do agrotóxico

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso do paraquate para produtores rurais, de algumas culturas, que tenham estoque do herbicida até agosto de 2021. O primeiro prazo é para os produtores de maçã, que devem terminar seu excedente até o dia 31 de outubro deste ano. A autarquia tinha proibido a aplicação do agrotóxico em 22 de setembro, mas revisou a decisão para atender pleito de entidades e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A decisão ocorreu hoje em votação unânime dos cinco integrantes da Diretoria Colegiada (Dicol), em Brasília. 

A Anvisa estabeleceu a data limite por culturas e por regiões para a aplicação do paraquate pelos produtores. Na região Sul, além da maçã, o paraquate deve ser usado até 31 de março nas áreas com citrus e feijão, 31 de maio nas lavouras de soja e 31 de agosto para a cultura do trigo.

O presidente da Aprosoja-RS, Décio Teixeira, disse que a deliberação ajuda os produtores de soja, mas é insuficiente. “Deveria incluir também os estoques das empresas e das fábricas”, aponta. O coordenador da comissão de agrotóxicos e da câmara de agronomia do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul (Crea-RS), Hilário Thevenet Filho, entende que manter a proibição após o período definido para finalizar os estoques significa retirar um produto do mercado, o que reduz a competitividade. “Abre espaço para alternativas mais caras que o paraquate”, explica. O coordenador enfatiza que a substituição do herbicida, utilizado principalmente na cultura da soja, pode ter danos colaterais. “Para buscar o mesmo efeito do paraquate, pode ser necessário dois ou três defensivos agrícolas, o que talvez seja mais prejudicial”, ressalta. Thevenet Filho destaca que o produtor que faz a aplicação sem equipamento de proteção individual (EPI) está mais suscetível à ação do produto.


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