Boletim prevê sequência de dias chuvosos no Rio Grande do Sul

Boletim prevê sequência de dias chuvosos no Rio Grande do Sul

Grandes volumes de precipitação podem causar erosão em áreas preparadas para o plantio de milho e arroz, além de prejudicar desenvolvimento do trigo

Patrícia Feiten

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Chuvas intensas devem prevalecer no Rio Grande do Sul nos próximos sete dias, de acordo com o Boletim Integrado Agrometeorológico 36/2023, elaborado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), em parceria com a Emater/RS-Ascar e o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). Isso tende a dificultar o plantio de culturas de verão, como o milho e o arroz, e prejudicar o desenvolvimento dos cultivos de inverno, como o trigo.

Até este sábado (9), o deslocamento de uma área de baixa pressão e uma frente fria manterão a nebulosidade e a chuva em todo o Rio Grande do Sul, com possibilidade de temporais isolados e altos volumes acumulados, principalmente na Metade Sul, informa o boletim. No domingo (10), o ingresso de ar seco e frio manterá o tempo firme, com temperaturas amenas em todo o Estado. De segunda (11) a quarta-feira (13), a presença de uma nova área de baixa pressão manterá a nebulosidade e a chuva, com risco de temporais isolados na maioria das regiões.

Segundo a agrometeorologista Loana Cardoso, coordenadora do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs), o grande volume de chuva em curtos espaços de tempo pode provocar erosão em áreas preparadas para a lavoura onde há declives. “Temos perda de solo e, consequentemente, perda de nutrientes, fertilizantes, sementes em algumas áreas já plantadas na Metade Norte e no centro (do Estado). Na Metade Sul, indo para a lavoura de arroz, temos dificuldade para os trabalhos de entrada de máquinas nas áreas alagadas, de várzea”, observa Loana.

A agrometeorologista lembra que o fenômeno El Niño, apontado pelos modelos de previsão, já é considerado “ativo” e seus efeitos deverão ser mais sentidos na primavera, de setembro a novembro. “Vamos ter muito mais perda de solo nas áreas sem cobertura vegetal. Então, o trabalho que o produtor vem fazendo de manter a cobertura estará protegendo esse solo”, destaca Loana.

No caso do trigo, 32% das áreas estão em germinação e desenvolvimento vegetativo, 49% estão em floração e 18% se encontram no estágio de enchimento de grãos, com apenas 1% em maturação. A sequência de dias chuvosos pode reduzir o processo de polinização. “Nos dias em que não temos chuva, temos alta umidade e temperaturas um pouco mais elevadas, o que potencializa o desenvolvimento das doenças fúngicas. Então, quando parar de chover, será necessário uma ação mais intensa de monitoramento e de controle de doenças”, alerta a agrometeorologista.


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