Boletim prevê sequência de dias chuvosos no Rio Grande do Sul
Grandes volumes de precipitação podem causar erosão em áreas preparadas para o plantio de milho e arroz, além de prejudicar desenvolvimento do trigo
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Chuvas intensas devem prevalecer no Rio Grande do Sul nos próximos sete dias, de acordo com o Boletim Integrado Agrometeorológico 36/2023, elaborado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), em parceria com a Emater/RS-Ascar e o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). Isso tende a dificultar o plantio de culturas de verão, como o milho e o arroz, e prejudicar o desenvolvimento dos cultivos de inverno, como o trigo.
Até este sábado (9), o deslocamento de uma área de baixa pressão e uma frente fria manterão a nebulosidade e a chuva em todo o Rio Grande do Sul, com possibilidade de temporais isolados e altos volumes acumulados, principalmente na Metade Sul, informa o boletim. No domingo (10), o ingresso de ar seco e frio manterá o tempo firme, com temperaturas amenas em todo o Estado. De segunda (11) a quarta-feira (13), a presença de uma nova área de baixa pressão manterá a nebulosidade e a chuva, com risco de temporais isolados na maioria das regiões.
Segundo a agrometeorologista Loana Cardoso, coordenadora do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs), o grande volume de chuva em curtos espaços de tempo pode provocar erosão em áreas preparadas para a lavoura onde há declives. “Temos perda de solo e, consequentemente, perda de nutrientes, fertilizantes, sementes em algumas áreas já plantadas na Metade Norte e no centro (do Estado). Na Metade Sul, indo para a lavoura de arroz, temos dificuldade para os trabalhos de entrada de máquinas nas áreas alagadas, de várzea”, observa Loana.
A agrometeorologista lembra que o fenômeno El Niño, apontado pelos modelos de previsão, já é considerado “ativo” e seus efeitos deverão ser mais sentidos na primavera, de setembro a novembro. “Vamos ter muito mais perda de solo nas áreas sem cobertura vegetal. Então, o trabalho que o produtor vem fazendo de manter a cobertura estará protegendo esse solo”, destaca Loana.
No caso do trigo, 32% das áreas estão em germinação e desenvolvimento vegetativo, 49% estão em floração e 18% se encontram no estágio de enchimento de grãos, com apenas 1% em maturação. A sequência de dias chuvosos pode reduzir o processo de polinização. “Nos dias em que não temos chuva, temos alta umidade e temperaturas um pouco mais elevadas, o que potencializa o desenvolvimento das doenças fúngicas. Então, quando parar de chover, será necessário uma ação mais intensa de monitoramento e de controle de doenças”, alerta a agrometeorologista.