Brasil tem fertilizantes até outubro, diz ministra

Brasil tem fertilizantes até outubro, diz ministra

Analistas acreditam que vendas russas ficarão inviabilizadas em pouco tempo; Tereza Cristina recomenda que todos tenham tranquilidade

Nereida Vergara

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Embora não haja indicativos de que a Rússia vá adotar a suspensão voluntária das exportações de fertilizantes para o Brasil e o restante do mundo em razão da guerra com a Ucrânia, as sanções que aquele país está enfrentando devem provocar o bloqueio automático das suas vendas nos próximos dias. A situação foi exposta pela consultoria StoneX, que atua no Brasil, em relatório a seus clientes. O analista de inteligência de mercado da empresa, Luigi Bezzon, confirma o relatório e explica que a exclusão da Rússia do sistema de pagamentos no comércio internacional é uma das consequências que devem influenciar na suspensão das vendas.

A dificuldade de navegação no Mar Báltico é outra situação que começa a se concretizar. Bezzon destaca que, mesmo que a guerra termine imediatamente, os entraves podem perdurar por muito tempo. “Não saberia dizer quantos meses, mas o bastante para fazer com que o Brasil mude sua planta importadora e busque o fornecimento de nitrogenados em outros mercados”, comenta. 

Entre os mercados que poderiam atender às necessidades brasileiras inicialmente, de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), estão o Canadá e o Irã. A ministra Tereza Cristina garante, entretanto, que o Brasil está abastecido de fertilizantes até outubro, o que assegura pelo menos o plantio da safrinha de milho neste ano. Ainda conforme a ministra, o país tem um grupo de acompanhamento que conversa constantemente com as indústrias, com os produtores e com as áreas de logística e de infraestrutura. “Temos que ter tranquilidade neste momento e estudar todos os cenários que podem acontecer”, pontua. 

Em nota, a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) lamenta o conflito, mas considera prematura qualquer avaliação sobre os impactos no agronegócio brasileiro. A previsão da entidade é que o estoque de fertilizantes no país dure pelo menos mais três meses. A Anda também destacou que o problema maior está nos fertilizantes nitrogenados e que a dependência de adubos fosfatados do Leste Europeu é menor.


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