Cadeia da carne une forças para enfrentar desafios
Grupo formado por pecuaristas, indústrias, varejo e pesquisadores deve fomentar a comunicação e a organização da produção gaúcha
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Integrantes da cadeia produtiva da carne do Rio Grande do Sul criaram um grupo de trabalho para reposicionar a pecuária gaúcha frente ao cenário de altos custos e crescente demanda mundial por alimentos e produção agropecuária sustentável. Esse pontapé inicial foi dado no 1º Fórum da Cadeia Produtiva de Carne Bovina, realizado nesta quinta-feira, em Porto Alegre.
Conforme o coordenador do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (NESPro), Júlio Barcellos, o cronograma de reuniões conta com encontros presenciais, para criar vínculos entre os participantes, e virtuais (para deliberações necessárias). Na pauta, estarão temas de interesse em comum entre universidade, produtores, indústrias e varejistas. “O grupo terá algumas palavras chaves, como comunicação e organização da produção. Também trabalharemos com a unificação de conceitos alvos de divergência entre os elos da cadeia, como, por exemplo, especificação de carcaça”, explica.
O anúncio veio ao encontro da "convocação" do secretário da Agricultura, Domingos Velho Lopes, durante o evento, para a realização da segunda edição do fórum na 45ª Expointer, em 31 de agosto, com Fórum Gaúcho de Mudanças Climáticas. “Nossa cadeia é a mais promissora no sequestro de carbono. Temos que melhorar nossa imagem através da ciência”, argumenta.
Para o presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, anfitrião do encontro, um dos tantos desafios da cadeia está em manter a “pujança” da avicultura e da suinocultura frente ao déficit de 4 milhões a 5 milhões de toneladas de milho ao RS e à Santa Catarina. Os crescentes custos produtivos foram alvo do presidente da Comissão de Relacionamento com o Mercado do Instituto Desenvolve Pecuária, Ivan Faria. “O momento é muito delicado para os pecuaristas, pois a inflação dos custos é o dobro da urbana”, pontuou.
Setor precisa mudar de estratégia
Diante desses desafios, é necessário buscar novos mercados no exterior, trabalhar para atingir a autossuficiência na produção de milho e desenvolver autonomia em relação aos governos, como afirmou, na ocasião, o ex-ministro da Agricultura Francisco Turra. Para o consultor internacional Francisco Vila, palestrante no evento, outra ação fundamental é o desenvolvimento de novas estratégias para atrair os jovens para o setor, uma vez que a pecuária está cada vez mais tecnificada e, para crescer, precisa de pessoas que entendam sobre e se interessem pelas novas tecnologias.
No atendimento dessa necessidade, Vila ressalta a importância de modificar a imagem da pecuária para o público desde a educação escolar, por meio de informações sobre a relevância do setor para o país em livros didáticos e do estabelecimento de programas para levar crianças e jovens a propriedades rurais. Além disso, o consultor considera fundamental a criação de um selo para a carne gaúcha, uma vez que esta tem diferenciais em qualidade e é capaz de disputar mercados segmentados com preços mais rentáveis ao produtor.
Outra necessidade destacada por Vila é a de utilização de tecnologia para não só entender as demandas do consumidor, mas também para controlar a produção, monitorando engorda, período de abate e condições de saúde do boi. Ele reconhece que o produtor deve mudar de estratégia, uma vez que as demandas do mercado ficaram mais específicas.