Caqui terá safra menor este ano

Caqui terá safra menor este ano

Cultivo também passa por dificuldades decorrentes da estiagem

Correio do Povo

Novecentas propriedades produzem caqui na Região da Serra do Estado

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Típica do outono, o caqui é uma fruta muito consumida no Rio Grande do Sul que não escapou dos impactos climáticos sofridos pelo Estado na última primavera e no verão. De acordo com a Emater/RS-Ascar, a colheita da safra de caqui avança na Região da Serra, com cerca de 60% da área já colhida. O início da safra foi antecipado e a colheita deverá se estender até o final de deste mês. A Emater estima que a safra deste ano fique em torno de 20 mil toneladas, o que representa uma produção 35% menor do que a observada em safras normais e 20% menor do que a registrada na safra passada.

Na região serrana, cerca de 900 propriedades cultivam uma área de 1,7 mil hectares de caqui, das variedades Fuyu, Kyoto, Rama Forte e Mycado. O maior produtor da fruta no Estado é o município de Caxias do Sul, seguido por Farroupilha, Antônio Prado e Pinto Bandeira. O agrônomo Enio Todeschini, extensionista da Emater, explica que a produtividade foi afetada pelas condições climáticas da primavera e do verão, especialmente os frios tardios (no ano passado) e a estiagem, o que ocasionou também muitos pedidos de vistoria de Proagro.

De acordo com Todeschini, por ser uma planta mais rústica, de raízes profundas e não ter grande valor agregado, dificilmente os produtores investem na irrigação dos pomares de caqui. Segundo o técnico, a variedade Fuyu, que não tem semente) apresentou muita queda de frutos e a variedade Kyoto (o chamado caqui chocolate preto) ficou com calibre abaixo da média. Aliado a isso, vem ocorrendo a supressão de áreas de pomares de Kyoto nos últimos anos na região, em função da suscetibilidade da planta à antracnose, doença que provoca danos e exige muitos cuidados e tratamentos, elevando o custo de produção. A variedade Kyoto, com a diminuição na produção, acabou sendo valorizada. Geralmente com preço 25% inferior ao do caqui Fuyu, nas últimas safras chegou a valorizar cerca de 50% a mais.

Com o encerramento da colheita se aproximando, Todeschini recomenda que os agricultores cultivem plantas de cobertura no próximo inverno nas áreas dos caquizeirais. “O produtor pode semear em abril e maio alguma espécie de inverno – gramíneas ou outras espécies tradicionais como nabo forrageiro e ervilhaca – a fim de manter o solo coberto, produzir matéria orgânica, que é o fator essencial para a retenção de água, e depois essa palhada proteger contra o vento e os calores no verão, já que as últimas quatro safras foram de precipitações abaixo do necessário”, enfatiza.


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